Abstract

Desde a sua origem o ceticismo tem enfrentado inúmeras críticas e tentativas de refutação. Uma das críticas mais antigas e recorrentes é que o cético não poderia agir porque para agir são necessárias crenças e um cético suspende o seu juízo sobre todas as crenças. A resposta mais comum para este desafio é que o cético suspende seu juízo só em relação aos dogmas científicos/ filosóficos, preservando, assim, as crenças do senso comum. Mas tal resposta não é satisfatória, pois indica um insulamento que não encontramos nos textos céticos. No entanto, uma resposta é possível, e após um exposição dos tropos de Enesidemos, pretendo desenvolver uma interpretação de Sexto Empírico onde suas crenças seriam baseadas só na aparência sem que seja feito um juízo sobre tais aparências. Assim um ceticismo radical preservando a capacidade de agir ainda seria possível.

Highlights

  • From its early origins, skepticism has been the target of much criticism and attempts of refutation

  • Já as doutrinas de Enesidemos foram transmitidas aos dias atuais através dos escritos de Sexto Empírico (II d.C.), Diógenes Laêrtios (III d.C.) e Fílon de Alexandria (20 a.C. – 45 d.C.)

  • In: O que nos faz pensar, Rio de Janeiro, 8, p

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Summary

Os Tropos de Enesidemos

Sexto Empírico classifica os tropos da seguinte forma: os quatro primeiros tropos falam sobre o que julga (“sujeito”), seja ele um animal, um ser humano ou até mesmo um órgão do sentido; o sétimo e o décimo falam sobre o que é julgado (“objeto”); o quinto, o sexto, o oitavo e o nono falam sobre a relação do que julga com o que é julgado. Precisaríamos de uma prova, nos diz Sexto Empírico, para escolher as nossas impressões sobre as dos animais, mas esta prova deve ser ou aparente ou não-aparente. Segundo Sexto, se os nossos sentidos não recebem as impressões dos objetos em si mesmos e sem mistura, a nossa mente, que provavelmente acrescenta alguma mistura ela mesma, não tem como saber se o que lhe aparece é realmente do modo como lhe aparece ou aparece deste modo porque sofre uma certa mistura. Nós não podemos saber a verdadeira natureza das coisas, pois elas nos afetam sempre em uma determinada quantidade e cada quantidade pode levar a uma impressão diferente. Esta distinção entre aceitar os fenômenos como eles lhe aparecem e utilizar estes fenômenos para defender uma posição dogmática será de extrema relevância para compreender que tipos de crenças um cético pode ter e, conseqüentemente, como um cético pode agir

Que crenças um cético pode ter?
Referências bibliográficas
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