Abstract
O presente artigo apresenta os resultados de uma pesquisa que tomou como objeto a canção “Classe média”, de Max Gonzaga. Composta e lançada em 2005, a canção não só obteve repercussões à época de seu lançamento, mas também em períodos posteriores, o que gerou o interesse em estudá-la de modo mais detido. Para isso, foi realizada uma análise documental de sua gravação tendo como principal referencial a semiótica da canção para desvelar as relações que se estabelecem entre letra e música para a produção de seus sentidos. As análises mostram que a canção constrói, através da chave do humor, uma crítica ao alinhamento de setores intermediários da sociedade brasileira à ideologia das elites, revelando ainda a importância da melodia, da harmonia e das escolhas interpretativas para o estabelecimento de seu caráter irônico e caricatural. Adicionalmente, foi possível perceber que a canção possui ainda uma segunda voz poética, que se inscreve no cantar do próprio enunciador e traz uma dimensão autorreflexiva, em tom mais lamentoso. Diante disso, entendeu-se que a presença dessas duas vozes poéticas se constituiria como uma forma de exprimir um certo pensamento cindido que se faria presente em indivíduos de classe média.
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