O tilintar dos cálices de Cristo, Chico/Gil e Criolo: a questão da ética num brinde dialógico

Anderson Salvaterra Magalhães,Daniel Eduardo Candido

doi:10.1590/2176-457349145

Anderson Salvaterra Magalhães, Daniel Eduardo Candido

Open Access

https://doi.org/10.1590/2176-457349145

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Abstract

RESUMO Neste artigo, o objetivo é demonstrar o impacto ético-semântico do grande tempo na reacentuação de duas reformulações da expressão “Afasta de mim este cálice”. Teoricamente, descrevemos grande tempo como áreas semânticas da existência que emolduram as possibilidades de sentido realizadas em gêneros discursivos e enunciados concretos. Metodologicamente, a canção Cálice de Chico Buarque e Gilberto Gil e o RAP Cálice de Criolo são dialogicamente dispostos em relação ao seu contexto de produção, a um e ao outro e às narrativas bíblicas Jesus no Jardim do Getsêmani e A Última Ceia, que simultaneamente conferem status de enunciado à expressão da qual cálice configura uma metonímia e fixam a expressão como um item de uma memória cultural que podemos nomear Católica Romana1. A discussão mostra que a transposição do enunciado de uma área semântica da existência para outra altera os processos de reflexão e refração de signos ideológicos por meio de um jogo de memórias.

Highlights

The discussion shows that the transposition of this utterance from one semantic sector of existence to another alters the reflection and refraction processes of ideological signs through a game of memories
As canções eram armas simbólicas na luta em andamento pela democracia (NAPOLITANO, 2004; SALLES et al, 2015; KOGAWA, 2018; SANTOS FILHO; BORGES, 2019)
A narrativa conta a história dos últimos momentos de Jesus antes de ser preso, condenado e crucificado e revela um complexo embate ideológico

Summary

Introduction

Canções têm sido uma relevante arena de valores. Assinar seus trabalhos com codinomes era uma estratégia comum dos compositores famosos (especialmente os letristas) para evitar a ameaça de veto. No meticuloso trabalho com a linguagem verbal, a memória cultural de campos não políticos era frequentemente evocada para realizar a resistência desses artistas por meio da poesia.

Results

Conclusion