Abstract

O imaginário simbólico em torno das histórias sobre tesouros escondidos e dos sonhos, no âmbito da cultura popular, revela que o ganhador do tesouro deve seguir as pistas, conforme a revelação onírica, para encontrá-lo. A partir do século XX, com os estudos freudianos sobre sonhos, cresceu o interesse sobre o tema no meio acadêmico. A perspectiva junguiana defende que os sonhos trazem revelações para o sonhador sobre seu processo evolutivo de modo que o mundo onírico deve ser lido a partir do contexto de vida do sonhador. Nesse sentido, o artigo, a priori, reflete sobre o simbolismo em torno da botija e do sonho como elementos da cultura popular; e, a partir da obra A botija, de Clotilde Tavares, faz um recorte da narrativa da personagem Pedro Firmo e oferece uma hermenêutica do sonho desta personagem. A partir deste recorte, expõe-se a habilidade da escritora em tecer, em sua narrativa, as histórias de Eulália e seu pai feiticeiro, e O romance do pavão misterioso. O interesse pelo recorte realizado ocorre pelo simbolismo que envolve elementos fantásticos/mitológicos da cultura popular, como a botija e o sonho, além do mito de origem, símbolos e arquétipos, enquanto elementos sincrônicos que estruturam o sonho da personagem. No rol dos estudos semiótico-antropológicos, o artigo baseia-se na Psicologia Analítica para uma hermenêutica do texto de cultura popular e destaca um sistema simbólico que estrutura o sonho da referida personagem, evidenciando uma relação coerente entre o mundo fantástico/onírico e o mundo sensível, expondo o texto literário, de Clotilde Tavares, como campo ao experimento humano, cujo potencial possibilita ampliar a visão do leitor sobre os mundos sensível/inteligível e suas relações.

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