Abstract

Nos últimos anos, o sistema político brasileiro foi desestabilizado por uma crise que extravasou os limites das instituições da República e chegou às ruas. Essa experiência de crise pode ser examinada de diversas maneiras, o que vem sendo feito pela bibliografia especializada. Aqui, neste artigo, analiso um momento específico da evolução da crise: o período compreendido entre as “jornadas de junho de 2013” e a destituição da Presidenta Dilma Rousseff, com o objetivo de compreender a dimensão semântica de crise, as narrativas que, se materializando em práticas políticas, levaram os setores da sociedade brasileira diretamente envolvidos nos conflitos em tela a representaram a realidade em uma determinada perspectiva. Minha hipótese, portanto, é que entre 2013 e 2016, a semântica da crise brasileira esteve baseada na hipertrofia de um sentido específico do conceito “corrupção” e, por consequência lógica, numa forma de tratar o problema da “ética na política” que apontam para tópicas pertencentes ao repertório do liberalismo conservador que já circulavam na cena política brasileira desde a década de 1990.

Highlights

  • Resumo: Nos últimos anos, o sistema político brasileiro foi desestabilizado por uma crise que extravasou os limites das instituições da República e chegou às ruas

  • Se formos examinar com mais cuidado a cronologia dos acontecimentos, seremos capazes de identificar momentos específicos que configuraram a evolução do cenário de crise, provocando realinhamentos distintos dentro da classe política e impactando de diferentes maneiras a sociedade civil

  • Como na dinâmica da crise brasileira o liberalismo conservador se tornou hegemônico, a partir de um significado específico da ideia de “corrupção”? Como essa semântica se materializou em práticas políticas? São esses os problemas sobre os quais me debruço neste artigo

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Summary

Rodrigo Perez Oliveira*

Resumo: Nos últimos anos, o sistema político brasileiro foi desestabilizado por uma crise que extravasou os limites das instituições da República e chegou às ruas. Para organizar melhor a reflexão, divido o texto em três partes: em um primeiro momento, o meu esforço é o de reconstruir os movimentos iniciais da crise, examinando suas origens, lançando luz sobre a primeira agenda das “jornadas de junho de 2013” e demonstrando como a mídia hegemônica interferiu diretamente na dinâmica dos protestos populares. A crise é o resultado da indignação da sociedade civil com a corrupção, entendida como sinônimo de um assalto institucionalizado aos cofres públicos, o que teria se aprofundado nos anos em que o Brasil foi governado pelo Partido dos Trabalhadores. Pela primeira vez, a palavra-chave, sendo associada, obviamente, à PEC 37, definida por Alexandre Garcia, jornalista que na época era o comentarista político do BDB, como “[...] uma estratégia da classe política para sufocar as instituições responsáveis pelo combate à corrupção” (IDEM). O perfil social dos manifestantes mudou, assim como o conteúdo programático das manifestações

Os novos ventos da crise e as práticas políticas liberais conservadoras
Findings
Considerações finais
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