Abstract

O fortalecimento de uma cultura democrática pressupõe a internalização de práticas deliberativas no cotidiano, garantidas pelo exercício do direito à livre circulação de ideias liberdade de expressão a partir do incentivo à participação e do fomento ao debate público. Em 22 de junho de 2017, a página do Senado Federal no Facebook consultou os cidadãos a respeito da Sugestão Legislativa nº17 (SUG17/2017) que trata da “Criminalização do Funk como crime de saúde pública a criança, aos adolescentes e a família”. A partir deste caso, foi realizado um estudo empírico sobre a circulação diferida e difusa de sentidos, produzidos em ambientes deliberativos online, em que razão e emoção se hibridizam na construção argumentativa dos sujeitos. Este estudo pretendeu analisar como ocorreu a construção argumentativa sobre a proposta de criminalização do Funk na página do Senado Federal no Facebook, tendo como foco a interação entre os usuários e a circulação de sentidos. Além da pesquisa bibliográfica exploratória sobre o tema, foi realizada a análise de 63 comentários de cidadãos a respeito da SUG17/2017 na página do Facebook do Senado Federal. O processo de levantamento de dados e sua avaliação revelam uma tendência ao uso de discursos híbridos, que se utilizam de razão e emoção em suas construções argumentativas. Ao final do estudo, foi possível compreender os sentidos, racionais e emocionais, utilizados para justificar posicionamentos sobre a proibição do Funk.

Highlights

  • O fortalecimento de uma cultura democrática pressupõe a internalização de práticas deliberativas no cotidiano, garantidas pelo exercício do direito à livre circulação de ideias liberdade de expressão a partir do incentivo à participação e do fomento ao debate público

  • A postagem em questãoi abriu o debate público para questões como identidade brasileira, cultura de elite e da periferia, liberdade de expressão e censura, o impacto da música na formação de crianças e adolescentes, além dos mais variados temas, obtendo, até junho de 2019, um total de 52 mil reações, 24 mil compartilhamentos e 28 mil comentários na rede social

  • Considerou-se mais de uma forma de argumentação em um mesmo discurso quando foi o caso. iv Várias justificativas discursivas foram contabilizadas no mesmo discurso, quando foi o caso

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Summary

Funk gera renda à comunidade e aos artistas

O processo de levantamento de dados e sua avaliação revelam uma tendência maior ao uso de discursos híbridos, que se utilizam de razão e emoção em suas construções argumentativas. A estética do Funk, gênero que tem origem a partir de uma classe marginalizada e moradora das periferias, é frequentemente associada à criminalidade e a violência. Levanta discussões sobre a sociedade, cultura, política, legislação, opressão, classes sociais, identidade, questões de gênero e raça e violência que extrapolam sua própria estética e seu próprio conteúdo. Argumentos e justificativas são reproduções das mesmas razões atribuídas ao Funk desde sua origem no que diz respeito a associação do gênero com a criminalidade e violência – que no fundo, como defende Facina (2009) é uma associação racista e elitista. Não se discute se outros gêneros musicais são ou não cultura como se fazem com o Funk e muito desse reforço ocorre de forma diferida e difusa. Mas que foram levados ao debate em caráter generalizador, sugerindo um problema que afeta todas as pessoas que entram em contato, contra a sua vontade, com o estilo musical

Considerações finais
Referências Bibliográficas
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