Abstract

Resumo Os diferentes contextos e usos de moedas sociais no cenário nacional e internacional têm estimulado estudiosos a buscar compreender as especificidades de cada experiência. A moeda social mais conhecida no Brasil, a Palmas, criada pelo Banco Palmas em Fortaleza, encontra- se atualmente em uma situação paradoxal: após quinze anos, sua circulação tem diminuído notavelmente entre os atores do território ao mesmo tempo que o consumo no bairro se mantém elevado. Neste trabalho investiga-se o circuito constituído pelo uso da Palmas para compreender seu fluxo no território e o progressivo processo de desuso. A reflexão sobre a experiência do uso da moeda social baseia-se, aqui, na noção de moeda da antropologia econômica e da teoria da dádiva. Para além da situação são propostas reflexões entendidas como pertinentes para pensar as moedas sociais dos Bancos Comunitários de Desenvolvimento (BCDs) no país. As estratégias da pesquisa assumiram um caminho multimetodológico e estão resumidas em duas fases. A primeira consistiu numa imersão etnográfica no Banco Palmas em janeiro de 2012. A segunda fase consistiu no mapeamento detalhado do circuito monetário alternativo do território por meio da construção gráfica deste utilizando um software de análise de redes sociais. A reflexão delineada com base na investigação aponta para a construção de uma filosofia de uso das moedas sociais apoiada na confiança dos atores locais nas ações do Banco Palmas. No nível mais concreto, identifica-se que a manutençao do circuito tem ocorrido mais pela sua carga simbólica e política do que pela satisfação das necessidades econômicas.

Highlights

  • The use of social currency in national and international contexts has encouraged scholars to understand its specificities

  • Palmas - created by Banco Palmas in Fortaleza

  • its circulation has significantly decreased within its territory while the consumption remains high. This article investigates the circulation

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Summary

Ariádne Scalfoni Rigo Genauto Carvalho de França Filho

Em Fortaleza, Ceará, ao chegar na rua Valparaíso, pela Travessa Edilson Candeia no sentido Messejana-Conjunto Palmeira, o visitante lê, num grande muro branco à sua frente, a frase: “Conjunto Palmeira, o bairro da economia solidária”. Elas cumprem um papel eminentemente econômico ou instrumental, já que se constituem como meio de pagamento acessível sobretudo para aqueles grupos sociais num território que não dispõe do acesso regular à moeda convencional, ou seja, as moedas sociais podem contribuir com o aumento de liquidez numa economia local e podem assim permitir a satisfação utilitária de necessidades. Qualquer pessoa pode trocar real por Palmas nos caixas do banco comunitário para consumir na comunidade estimulada pelo desconto de 5% nas compras com a moeda social oferecido por alguns comerciantes. Meyer (2012) efetuou uma análise com base nas entradas e saídas de moedas sociais no Banco Palmas no período de janeiro a outubro de 2011 e identificou que o pagamento de parte do salário dos funcionários era o principal meio de lançar a Palmas no território, responsável por 73% das emissões do período analisado. As análises das entradas e saídas oferecem indícios, mas apontam para a importância de se entender mais aprofundadamente o caso

COMPREENDENDO O PARADOXO DA PALMAS NO CONJUNTO PALMEIRA
Findings
Relações passadas ou enfraquecidas
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