Abstract

No presente estudo analisamos a estratégia literária de Alexandre Herculano (1810-1877) em filiar as suas ficções históricas a manuscritos pré-existentes. Para tanto, averiguamos os romances históricos Eurico, o presbítero (1844) e O Monge de Cister (1848), que compõem a coletânea Monasticon (1848), e outras narrativas que foram coligidas pelo autor em Lendas e Narrativas (1851), estabelecendo um diálogo com os trabalhos de Ana Marques (2012), Eduardo Lourenço (1992), Isabel Román (1988), Maria de Fátima Marinho (1984; 1999; 2013) e Paulo Motta Oliveira (2000). Abordamos a ficcionalização dos supostos manuscritos pré-existentes, como recurso composicional, e também a possível fundamentação e ficcionalização de Livros de Linhagens da Idade Média e de crónicas documentais nas produções literárias de Herculano.

Highlights

  • In the present study we analyze the literary strategy of Alexandre Herculano (1810-1877) in linking his historical fictions to preexisting manuscripts

  • We studied the historical novels Eurico, o presbítero (1844) and O Monge de Cister (1848), which compose the collection Monasticon (1848), and other narratives collected by the author in Lendas e Narrativas (1851), establishing a dialogue with the works of Ana Marques (2012), Eduardo Lourenço (1992), Isabel Román (1988), Maria de Fátima Marinho (1984, 1999, 2013) and Paulo Motta Oliveira (2000)

  • We approach the fictionalization of supposed pre-existing manuscripts, as a compositional resource, as well as the possible foundation and fictionalization of Middle Ages Livros de Linhagens and documentary chronicles in the literary productions of Herculano

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Summary

INTRODUÇÃO

Sabemos que Alexandre Herculano (1810-1877) não foi o primeiro e nem o único autor a se valer da estratégia literária de filiar as suas ficções históricas a manuscritos muito antigos, normalmente referidos como “empoeirados em alguma biblioteca” a que somente o escritor teve acesso. As proposições de Marques para a filiação do romance histórico a antigos escritos – o que colocaria o autor como um atualizador de um documento preexistente, mas não acessível para os seus contemporâneos – se fundamentam, sobretudo, na questão de sanar a necessidade de credibilidade dos fatos narrados no enredo, já que o escritor assumiria o papel de transcrever algum relato verídico, pois, conforme propõe Maria de Fátima Marinho (1999: 15-16), acreditava-se “(...) que um bom romance histórico ensinava mais do que um livro de História” e que “(...) o grande público lê com mais. Primeiramente, podemos inferir que a investida de Herculano em criar a garantia da veracidade dos fatos narrados, seria também uma estratégia que transcenderia o lavor estético-literário, pois, dessa maneira, a obra ficcional poderia ganhar uma maior credibilidade entre o público leitor para se refletir acerca do futuro do país e sobre o contexto de crise do século XIX em Portugal. Estenderemos a nossa análise para outros textos ficcionais que foram coligidos pelo autor em Lendas e Narrativas (1851)[4], como “Arras por Foro d’Espanha

Monasticon reúne dois romances históricos
LENDAS E NARRATIVAS
CONCLUSÃO
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