Abstract

Neste ensaio, define-se letramento escolar na perspectiva dos letramentos múltiplos e situados e, a partir de uma discussão sobre os textos da divulgação científica, caracterizam-se brevemente, na perspectiva bakhtiniana, alguns dos gêneros discursivos da divulgação científica didatizados na escola (verbetes, artigos, reportagens). Entendendo o processo de apropriação de gêneros discursivos como um aspecto importante das práticas e dos processos de letramento escolar, o ensaio, em sua segunda parte, traz uma análise de como este processo de apropriação dos gêneros da divulgação científica se dá nas salas de aula, a partir de seminários realizados por alunos do Ensino Fundamental II (EFII). Os resultados indicam que, embora muito presentes nos livros e práticas discursivas escolares, os textos da divulgação científica não são efetivamente abordados no ensino, e sua apropriação se faz por imersão, colocando especialmente problemas em relação às linguagens especializadas.

Highlights

  • Resumo: Neste ensaio, define-se letramento escolar na perspectiva dos letramentos múltiplos e situados e, a partir de uma discussão sobre os textos da divulgação científica, caracterizam-se brevemente, na perspectiva bakhtiniana, alguns dos gêneros discursivos da divulgação científica didatizados na escola

  • Caracterizaos como “parte dos discursos especializados incluídos em comunidades de práticas, padronizados e definidos em termos dos propósitos formais da instituição, ao invés de pelos propósitos múltiplos e integrados dos cidadãos e de suas comunidades” (HAMILTON, 2002, p. 4)

  • Freqüentemente são desvalorizados ou desprezados pela cultura oficial e são práticas de resistência ou táticas, no sentido de Certeau (1994)

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Summary

Roxane Rojo**

Resumo: Neste ensaio, define-se letramento escolar na perspectiva dos letramentos múltiplos e situados e, a partir de uma discussão sobre os textos da divulgação científica, caracterizam-se brevemente, na perspectiva bakhtiniana, alguns dos gêneros discursivos da divulgação científica didatizados na escola (verbetes, artigos, reportagens). Para fazê-lo, é preciso que a educação lingüística leve em conta hoje: a) os multiletramentos ou letramentos múltiplos, também de maneira ética e democrática, deixando de ignorar ou apagar os letramentos das culturas locais de seus agentes (professores, alunos, comunidade escolar) e colocando-os em contato com os letramentos valorizados e institucionais; como diria Souza Santos (2005), assumindo seu papel cosmopolita; 3 b) os letramentos multissemióticos exigidos pelos textos contemporâneos, ampliando a noção de letramento para o campo da imagem, da música, das outras semioses e sistemas de signos que não somente a escrita alfabética, como já prenunciava, por exemplo, a noção de “numeramento”; o conhecimento de outros meios semióticos está ficando cada vez mais necessário no uso da linguagem, tendo em vista os avanços tecnológicos: as cores, as imagens, os sons, o design etc., que estão disponíveis na tela do computador e em muitos materiais impressos, que têm exigido outros letramentos, por exemplo, o letramento visual e que “têm transformado o letramento tradicional (da letra) em um tipo de letramento insuficiente para. Abordaremos esses textos e práticas/eventos de letramento de maneira a verificar como as práticas de sala de aula os colocam em circulação, como os abordam e qual a apropriação que os estudantes deles fazem, discutindo também em que medida este campo específico dos multiletramentos – o trato dos textos da divulgação científica e escolares – dialoga, nas práticas escolares, com os letramentos locais, com as outras semioses e com o protagonismo crítico

DE ONDE VÊM E COMO SÃO
Divulgação Científica
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