Abstract


 
 
 Este artigo propõe uma análise do uso da técnica do leitmotiv na música composta por Luís de Freitas Branco (1890-1955) para o filme Frei Luís de Sousa (António Lopes Ribeiro, 1950). Numa primeira parte, problematizamos a influência dos modelos britânicos da época e em particular das adaptações shakespearianas de Laurence Olivier. Depois, tentamos compreender de que forma Freitas Branco procurou transferir para o contexto fílmico uma determinada relação entre música e narrativa herdada do “drama musical” wagneriano, assim como o seu impacto na leitura política e estética que o filme faz da obra de Almeida Garrett. Enfim, partimos dos percursos cruzados de Freitas Branco e William Walton para interrogar de forma mais geral a relação entre ópera e cinema no período do pós-Segunda Guerra Mundial.
 
 

Highlights

  • This essay analyzes the use of the leitmotif technique in the music composed by Luís de Freitas Branco (1890-1955) for the film Frei Luís de Sousa (António Lopes Ribeiro, 1950)

  • As diferentes leituras que o filme tem suscitado, nomeadamente enquanto tentativa de reformulação e apropriação por parte da ditadura salazarista do misticismo sebastianista que percorre a obra de Garrett (TORGAL 2001a: 27), têm insistido no seu estatuto “oficial” (JOHNSON 2007: 70) e mostrado a proximidade entre as suas “intenções ideológicas” e o “ponto de vista do poder”

  • “Frei Luís de Sousa, António Lopes-Ribeiro, Portugal (1950)” In: Carolin Overhoff Ferreira (coord.), O cinema português através dos seus filmes, Porto: Campo das Letras, 2007

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Summary

João de Portugal!”

Em vez de começar pela leitura do Canto III d’Os Lusíadas por Madalena, o realizador preferiu iniciar o filme com um excerto do diálogo entre Telmo Pais e Maria na primeira cena do segundo acto da peça, em que estes discutem a morte de D. Esta figuração não deixa de lembrar a secção final (assinalada com x no exemplo 4) do “motivo dos Gigantes” (Riesenmotiv), que surge pela primeira vez na segunda cena do Ouro do Reno, quando se aproximam os passos pesados dos irmãos Fafner e Fasolt, que vêm reclamar o cumprimento do contrato celebrado com Wotan: Da mesma forma, toda a partitura de Frei Luís de Sousa é assombrada pelos Ex. 4 (acima) Richard Wagner, passos do romeiro, cuja aproximação inexorável vem selar o desenlace funes- “Riesenmotiv”, Das Rheingold, cena 2.

Tema do Tejo Tema dos Remadores
Pequeno barco do romeiro
Maria entra na igreja
Tema da Renúncia
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