Abstract
Este ensaio propõe um entendimento do luto a partir das reflexões de Georges Bataille sobre a “experiência interior”, enfatizando que a relação entre ensaio e diário de luto atravessa toda a Suma ateológica, particularmente as primeiras partes de O culpado. Entende-se que a própria forma de escrita de Bataille sugere uma relação estreita entre ensaio, diário e morte, o que, inclusive, não parece distante do que realizou Montaigne, geralmente lembrado como fundador do gênero. A reprodução das anotações na edição francesa das Obras completas de Bataille (igualmente adotada na edição brasileira) tornou esses vínculos ainda mais claros: muitos trechos eliminados de O culpado, por exemplo, estão referidos a passagens sobre a morte e o luto por Laure. A hipótese defendida é que, retomando esses textos de Bataille juntamente com as notas que foram suprimidas, abre-se caminho não somente para uma compreensão mais complexa do luto, mas da relação entre escrita ensaística e diário de luto.
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