Abstract
A Síndrome de Munchausen por Procuração caracteriza-se pela simulação ou produção de sintomas no corpo da criança, o que faz com que ela seja submetida a tratamentos médicos desnecessários. Como geralmente a perpetradora é a mãe, a síndrome tem sido associada à violência intrafamiliar. Com o objetivo de aprofundar a compreensão psicológica dos envolvidos neste quadro peculiar, foi realizada uma análise do documentário “Mamãe morta e querida”, à luz das contribuições do psicanalista Donald Winnicott, Fazendo uso do método psicanalítico, os pesquisadores consideraram interpretativamente as manifestações das pessoas entrevistadas no documentário, organizando reflexões sobre os familiares e profissionais e sobre a dupla mãe-filha em dois eixos temáticos. Com base neles, discutiu-se: 1) que a mãe perpetradora desperta profunda revolta nos familiares e profissionais, o que lhes impede de considerar algo além da maldade materna; 2) que a relação entre mãe-filha parece ser marcada pela incapacidade de diferenciação, o que deveria ser o foco de cuidado com a dupla, em vez das doenças falsas apresentadas. Espera-se que este estudo contribua para que os profissionais da saúde tenham condições de intervir com uma postura mais inclusiva.
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