Abstract

Este ensaio nasce de uma constatação: o cinema contemporâneo está marcado por uma espécie de nova transnacional. Um cinema que se acha intimamente ligado a uma mudança de olhar lançado ao corpo. O corpo como reflexo, como metáfora, como lugar experimental de representação. A nossa hipótese é a de que a fenomenologia de Merleau-Ponty nos fornece valiosos instrumentos para ampliarmos a reflexão sobre um cinema que explora uma relação corporal com o mundo. O nosso objetivo é discutir essas questões em breves análises de três cineastas contemporâneos: Tsai Ming-Liang, A. Weerasethakul e Karim Ainouz.

Highlights

  • A revista E-Compós é a publicação científica em formato eletrônico da Associação Nacional dos Programas de Pós-Graduação em Comunicação (Compós)

  • É um cinema que expressa ou denota uma dimensão imediata, perceptual, não conceitual da experiência, que deriva fundamentalmente da imersão de nosso corpo no mundo através dos sentidos

  • Essa imagem apaga a idéia de um corpo se trocando por dinheiro, e revela uma pessoa se transformando em vetor, para atravessar o mundo, vivê-lo em diagonal – como ele parece de fato pedir [...] Não seria essa a poesia de um novo indivíduo flutuante, vetorizado, perplexo diante de sua própria experiência de estar-no-mundo (OLIVEIRA, 2006a)?

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Summary

Introdução

É um cinema que expressa ou denota uma dimensão imediata, perceptual, não conceitual (mas nem por isso caótica ou desarticulada) da experiência, que deriva fundamentalmente da imersão de nosso corpo no mundo através dos sentidos. Merleau-Ponty tenta fundar uma fenomenologia particular que não parta da consciência, mas sim do corpo definido de outra maneira. É o corpo, em sua inscrição imediata no mundo, e por sua ação perceptivamente guiada, que nos possibilita uma primeira forma de organização da experiência, ainda não mediada pelas significações que a linguagem opera, mas carregada de discriminações, referências, nuances, preferências, rejeições etc. A fenomenologia de Merleau-Ponty nos fornece então valiosos instrumentos para ampliarmos a reflexão sobre um cinema que parece denunciar a falência da dicotomia interior/exterior, que explora o fenômeno da percepção como uma atividade que marca uma relação corporal com o mundo. Os três se apropriam do corpo como forma de comunicação vital com o mundo e revelam curiosas afinidades com o pensamento de Merleau-Ponty

Tsai Ming-Liang
Karim Aïnouz
Apichatpong Weerasethakul
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