Abstract

Objetiva-se neste texto apresentar uma reflexão sobre a narrativa fantástica e suas potencialidades para a formação do leitor. Para a consecução desse objetivo, elegeu-se para análise o conto “O Buraco”, do escritor Luiz Junqueira Vilela (2016, p.19-38), pinçado de sua coletânea Três Histórias Fantásticas (2016), a qual compõe os acervos de 2011 do PNBE – Programa Nacional Biblioteca na Escola, destinados aos jovens do Ensino Médio. Pretende-se problematizar, na análise desse conto, a configuração em sua narrativa do leitor implícito, a partir das contribuições teóricas da Estética da Recepção e do Efeito (JAUSS, 1994; ISER, 1996 e 1999). Justifica-se esse aporte teórico, pois as obras destinadas ao público juvenil buscam explicitamente a recepção. Além disso, essa abordagem permite observar se esse conto, escrito no final de década de 1960, possui vitalidade para cativar o jovem leitor, pois mantém comunicabilidade na leitura e promove sua reflexão crítica, por meio do rompimento de seus conceitos prévios e da ampliação de seus horizontes de expectativas.

Highlights

  • The aim of this paper is to present a reflection on the fantastic narrative and its potential for the reader's formation

  • Mesmo que ao leitor contemporâneo – pela ausência de mediação, embora a obra esteja inserida em acervos do PNBE –, escape o contexto histórico de produção do conto, bem como sua dialogia com outras narrativas fantásticas, em especial, com A metamorfose, de Franz Kafka, pela transformação do protagonista, pelas suas temáticas de individuação, inadequação social, livre arbítrio e cisão entre sujeito e mundo, o texto demonstra sua atualidade e vitalidade, sendo-lhe atraente e despertando seu senso crítico sobre as relações humanas em sociedade

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Summary

Introdução

Este texto tem por objetivo apresentar uma reflexão sobre a narrativa fantástica e suas potencialidades para a formação do leitor. Para que a interação entre texto e leitor resulte em interpretação, de acordo com Iser (1996 e 1999), fazse necessário que o leitor, durante a leitura, projete expectativa e memória – uma sobre a outra –, a fim de verificar a validade de suas hipóteses e produzir sínteses. Constrói-se neste texto, então, a hipótese de que o conto “O buraco” (VILELA, 2016, p.19-38) – estruturado sobre o insólito e a tensão do narrador, com suas paradoxais experiências – revela-se como metáfora desse momento histórico, social e político. Parte-se do pressuposto, em consonância com David Roas (2014), de que o texto fantástico contemporâneo, o qual se constitui-se pela “[...] irrupção do anormal em um mundo aparentemente normal”, faculta a formação e emancipação do jovem leitor, pois suscita reflexões sobre o incognoscível, a realidade e mesmo os limites da própria linguagem em apreender a subjetividade. A leitura da narrativa fantástica, embora apresente o sobrenatural, rompe com as produções culturais contemporâneas, repletas de zumbis, vampiros, lobisomens, entre outros, voltadas para o escapismo, produzindo a incerteza sobre a aparente coerência do mundo em que se vive

Adentrando o buraco
Considerações finais
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