Abstract

A globalização não suprimiu as fronteiras: ela as transforma, as desloca, as dissocia umas das outras. Algumas atividades econômicas, por exemplo, não têm o mesmo alcance das atividades políticas ou das comunicações. As fronteiras se multiplicam, se alargam e se tornam, assim, simultaneamente mais frágeis e incertas. O momento atual do processo de globalização nos traz duas questões referentes à possibilidade de viver em uma escala global. Por um lado, um número cada vez maior de fronteiras se transformam em muros, mais migrantes morrem em mares, desertos e montanhas ao tentar atravessar fronteiras fechadas. Por outro lado, a questão filosófica e política do cosmopolitismo volta à ordem do dia em um contexto diferente daquele do Iluminismo, mas que formula, concretamente, as mesmas perguntas. A partir de etnografias de “homens-fronteira” e “lugares-fronteira” (Borderlands), proporei pensarmos uma nova cosmópolis, considerada como um mundo em movimento que antecipa a forma banal e quotidiana do cosmopolitismo. Na esfera antropológica, trata-se de uma nova situação onde a cultura e a sociabilidade se definem em situações de fronteira que se tornam cada vez mais constantes.

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