Abstract

A ciência hegemônica, pautada em referenciais coloniais, traça linhas bem definidas entre o eu e o outro da pesquisa. Ao lançar foco sobre as tradições de matriz africana, estas linhas são reforçadas com as cores do racismo, seja na expressão das desigualdades como naturais desta divisão, seja na ratificação de um lugar subalterno, pela desqualificação dos saberes da população negra, desde a escravização. Ainda que este cenário produza imensas desigualdades, ao longo da história os povos tradicionais vêm resistindo, pela manutenção de suas tradições, na produção de valores contracoloniais. Este trabalho visa apresentar os caminhos de uma pesquisa colaborativa, em parceria com as sacerdotisas de uma sociedade secreta de culto à deusa Iyami Osoronga. Pensada a partir do campo da psicossociologia, tem como referencial os estudos de memória, tradição, discursos pós e decoloniais e os estudos culturais. A pesquisa colaborativa tem o intuito de propor, não um desenho de pesquisa focada em uma ou outra teoria, como posicionamento de uma construção específica, singular, dependente direta de suas autoras e de múltiplos fatores, mas levando à reflexão sobre autoria, saberes e fazeres de epistemologias contra-hegemônicas, que pensam e falam “com” e não “de” ou “para” seus “objetos” de pesquisa.

Highlights

  • The hegemonic science based on colonial references draws well defined lines between the self and the other of the research

  • Apresentaremos aqui um pouco da trajetória de produção de conhecimentos de modo colaborativo (BANDEIRA et al, 2016) em uma pesquisa de doutoramento que se dedica ao estudo do segredo, a partir das memórias das sacerdotisas do culto a Iyami Osoronga, desde a aproximação do grupo até os percalços na produção de um caminho de pesquisa onde pudesse vir à tona a voz dessas mulheres, não como contribuição no contorno ou afirmação da voz das sacerdotisas, mas como proposição de um modo de ser pesquisador(a) que fosse pertinente e fizesse sentido para todos os envolvidos no processo

  • Identidade e diferença: a perspectiva dos estudos culturais

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Summary

Notas sobre pesquisa colaborativa com sacerdotisas da Deusa Iyami OsorongaH

Resumo A ciência hegemônica, pautada em referenciais coloniais, traça linhas bem definidas entre o eu e o outro da pesquisa. Ao lançar foco sobre as tradições de matriz africana, estas linhas são reforçadas com as cores do racismo, seja na expressão das desigualdades como naturais desta divisão, seja na ratificação de um lugar subalterno, pela desqualificação dos saberes da população negra, desde a escravização. Ainda que este cenário produza imensas desigualdades, ao longo da história os povos tradicionais vêm resistindo, pela manutenção de suas tradições, na produção de valores contracoloniais. A pesquisa colaborativa tem o intuito de propor, não um desenho de pesquisa focada em uma ou outra teoria, como posicionamento de uma construção específica, singular, dependente direta de suas autoras e de múltiplos fatores, mas levando à reflexão sobre autoria, saberes e fazeres de epistemologias contra-hegemônicas, que pensam e falam “com” e não “de” ou “para” seus “objetos” de pesquisa. Palavras-chave: saberes tradicionais; epistemologias contra-hegemônicas; pesquisa colaborativa; psicossociologia

Notas sobre pesquisa colaborativa com sacerdotisas da Deusa Iyami Osoronga
Caminhos da ciência que nos habita
Por uma ciência que nos caiba
Considerações finais
Contribuições das autoras
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