Abstract

http://dx.doi.org/10.5007/1807-1384.2017v14n1p176Este artigo visa problematizar as implicações psicossociais da violência na baixa prostituição na cidade de Fortaleza/CE, buscando analisar as dinâmicas da violência e identificar suas expressões psicossociais no cotidiano das prostitutas. As violências contra prostitutas encontram-se veladas no universo da violência de gênero, reproduzindo a lógica de silenciamento que envolve a violência contra a mulher mesmo ocorrendo comumente no espaço público. A pesquisa teve uma perspectiva etnográfica, contou com a participação de 7 interlocutoras formais e utilizou a Análise de Conteúdo como referência. As análises apontam que a dinâmica da baixa prostituição é atravessada pelos arranjos territoriais, estando os códigos e regras da zona de prostituição em constante disputa com o território. A violência articula-se como uma teia relacional que acaba por impedir o reconhecimento do outro (classe, gênero ou raça/etnia) mediante o uso da força física e/ou simbólica, minando as possibilidades de diálogo, por um lado, e criando outros códigos, formas de interação e performances sociais, por outro.

Highlights

  • This article aims to discuss the psychosocial implications of violence in the context of low prostitution in the city of Fortaleza (Ceará), by trying to analyse the dynamics of violence and identify the psychosocial expressions of violence in the daily life of prostitutes

  • Violence against prostitutes is veiled in the universe of gender violence, reproducing the silencing that involves violence against women even when it occurs in the public sphere

  • The analysis shows that the dynamics of low Prostitution is crossed by the territorial arrangements, with the codes and rules of a prostitution zone in constant dispute with the territory

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Summary

CONCEITUANDO A BAIXA PROSTITUIÇÃO FEMININA

A compreensão da baixa prostituição passa pelo reconhecimento do território geográfico, político e existencial em que ela está inserida, em meio às redes de significado e aos modos de interação (SANTOS, 1977). As zonas de prostituição ou meretrício são áreas das cidades que se caracterizam como espaços de tolerância, invisíveis socialmente por estarem associados a ideias de pecado, de perigo e de sujeira e por agregarem diferentes perfis estigmatizados (BARRETO, 2008). A problemática da relação prostituição-pobreza estaria na exposição e manutenção de uma maior privação de direitos sociais e na convivência com uma precarização das condições de desenvolvimento e possibilidades de gestão de suas vidas (NEPOMUCENO; SILVA; XIMENES, 2016). A pobreza é entendida para além de determinantes econômicos, configurando-se por cadeias de miserabilidade que expõem os sujeitos a inúmeros riscos sociais diante das privações econômicas, sociais, educacionais, culturais e da saúde (CIDADE; MOURA JR.; XIMENES, 2012). O lugar de prostituta intersecta desigualdades de poder e experiências de preconceito e de resistências especificas (BARRETO, 2008; MAYORGA, 2014), que precisam ser articuladas as análises

CAMINHOS METODOLÓGICOS
PARA PENSARMOS SOBRE A VIOLÊNCIA NA PROSTITUIÇÃO
IMPLICAÇÕES PSICOSSOCIAIS DA VIOLÊNCIA
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Rio de Janeiro
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