Abstract

A filmografia portuguesa relativa ao Oriente durante o Estado Novo português é escassa, tardia e projecta uma retórica luso-tropicalista que contribuiu para a actualização do mito da importância, perdida, de um território que, durante a Ditadura, se impõe quase só simbolicamente. Proponho que a escassez de filmes resulta do valor simbólico da comunidade imaginada se projecta melhor por omissão do que o faria pela representação imagética. Caracterizarei o caso da “Índia portuguesa”, onde a exibição cinematográfica era vibrante, mas não deixou espaço para o cinema concanim se afirmar, enquanto a filmografia portuguesa afirmou o suposto lusitanismo local, privilegiando temas religiosos, enaltecendo o multiculturalismo e a miscigenação. Noto como, mesmo a filmografia propagandista, sobretudo a militar, evidencia tensões questionadoras do idílio luso-tropical.

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