Abstract

O artigo pretende destacar a tese de que a natureza para Feuerbach é um existente autônomo e independente, possui primazia ante o espírito e que ela é a base material da liberdade humana. Para ele, a natureza material, que existe, em sua diferencialidade qualitativa, independente do pensar, é diante ao espírito o original, o fundamento não deduzível, imediato, não criado de toda existência real, que existe e consiste por si mesmo. Feuerbach opõe a natureza ao espírito, pois ele a entende não como um puro outro, que só por meio do espírito foi posto como natureza, mas, como o primeiro, a realidade objetiva, material, que existe fora do entendimento e é dada ao homem por meio de seus sentidos como fundamento e essência de sua vida. Trata-se aqui também de uma exposição da ética materialista, a posteriorística, de Ludwig Feuerbach a partir de sua crítica a toda ética apriorística, transcendental, ilimitada, indiferente, imediata, pura, vazia de conteúdo, abstraída das determinações, da situação concreta, baseada numa liberdade, ou vontade, incondicionada, indeterminada, numa pretensa liberdade humana independente tanto do limites e das leis da natureza externa, quanto da natureza interna, da determinação corporal e das necessidades naturais humanas. Com isto, não há, todavia, em Feuerbach um determinismo ou uma negação da liberdade, da vontade, mas a defesa de que a liberdade humana não é absoluta e incondicionalmente livre, mas condicionada pelo tempo, pelo momento histórico, pela idade, por meios materiais e sensíveis, pela situação ambiental, pelas condições e circunstâncias da natureza, como alimento, vestimentas, luz, ar, água, espaço e tempo, pois ter vontade é sempre ter vontade de algo, já que ela é sempre vontade mediada por um objeto, e é só, através das condições e mediações, que se alcança a liberdade, e, assim, a liberdade, a vontade, se torna concreta.

Highlights

  • In Feuerbach there is no determinism or denial of freedom, of will, but the defense that human freedom is not absolutely and unconditionally free, but conditioned by time, by the historical moment, by age, by means material and sensitive, due to the environmental situation, the conditions and circumstances of nature, such as food, clothing, light, air, water, space and time, because having a will is always having a will for something, since it is always a will mediated by an object, and it is only through conditions and mediations that freedom is achieved, and, freedom, the will, becomes concrete

  • Parto do princípio de que a filosofia da natureza de Ludwig Feuerbach tem como cerne uma oposição ao teísmo, à filosofia especulativa e ao Idealismo Alemão (Fichte, Schelling e Hegel)

  • A natureza, entendida como totalidade, como unidade orgânica, como harmonia de causas e efeitos, como pressuposto necessário para todos os objetos, fenômenos e criaturas, plantas e animais, inclusive para a natureza humana, fornece a Feuerbach o fundamento de sua crítica ao teísmo e ao Idealismo, isto é, ela é o motivo de sua konfrontation com ambos, os quais desconhecem completamente a autonomia e a independência da natureza, porque eles a concebem ou meramente como obra de um criador ou como puro desdobramento e exteriorização da atividade do espírito

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Summary

Introduction

Já nas Preleções sobre a Essência da Religião (Vorlesungen über das Wesen der Religion) tinha ele esclarecido: Eu sou o que sou, [...] enquanto apenas uma parte da natureza como ela é constituída neste século, pois também a natureza se transforma, por isso todo século tem a sua própria doença, e eu não me pus neste século por minha vontade.

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