Abstract

Este trabalho tem por objetivo a realização de uma análise contrastiva de três romances representa­tivos da problematização da identidade homosse­xual masculina no continente latino-americano: El beso de la mujer araña (Argentina, 1976), de Manuel Puig; Onde andará Dulce Veiga? (Brasil, 1990), de Caio Fernando Abreu e No se lo digas a nadie (Peru, 1994), de Jaime Bayly. A articulação de uma epistemologia queer permite pensar a textualidade como o lugar de encenação de uma ficção política que questiona os regimes heteronomativos do sexo e do gênero, e propõe uma estratégia de resistência baseada tanto nos corpos e nos prazeres quanto nas políticas de representação e reinvenção das masculinidades e das feminilida­des. Tomando os pressupostos feministas, os estu­dos narratológicos e a teoria/epistemologia queer como sustentação teórica, realiza-se uma leitura crítica desses romances, os quais questionam o regime heteronormativo e investem no potencial subversivo de um lugar de enunciação do discurso literário marcado pela diferença e pela resistência aos dispositivos heteronormativos de regulação das identidades sexuais. Neste sentido, a literatura reescreve tanto o corpo sexual, tido como o lugar da subjetividade individual, quanto o corpo social/nacional, entendido como uma ficção reguladora das sociabilidades corporais e sexuais. Com vistas a uma poética queer, busca-se evidenciar as con­tradições e impasses que emergem nos romances, particularmente em relação a questões de raça, classe e gênero, bem como as potencialidades e os pontos problemáticos da poética queer como lugar de intervenção cultural.

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