Abstract
James Joyce (1882-1941) foi um dos mais revolucionários e influentes escritores modernistas, dentro e fora da literatura anglófona. Notoriamente, o autor não escreveu para crianças, mas uma carta enviada a seu neto, Stephen James Joyce (1932-2020), e publicada pela primeira vez em 1957, foi intitulada The Cat and the Devil e lançada como livro infantojuvenil. As traduções desta carta, realizadas em mais de vinte idiomas ao longo dos últimos 60 anos, trazem temas e elementos da escrita joyciana para adultos, ao mesmo tempo que se revelam como produtos de seu próprio tempo e da sociedade em que se inserem. Partindo desta perspectiva, este trabalho buscou analisar o percurso de ilustrações e traduções da obra The Cat and the Devil/O Gato e o Diabo, sob o viés da leitura intersemiótica de jovens leitores. Os resultados da pesquisa apontam as traduções da obra como transições entre sistemas semióticos, em atos criativos e interpretativos de apropriação e resgate tanto do tradutor quanto do ilustrador. Evidenciou-se o potencial semiótico/semântico presente na multimodalidade do livro ilustrado quanto às possibilidades de exploração e engajamento dos jovens leitores, extrapolando o destinatário único da carta original e a transformando em uma significativa obra da literatura infantojuvenil.
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