Abstract

Nas últimas duas décadas, os estudiosos dos movimentos sociais passaram a questionar as fronteiras do seu campo de pesquisa. Alguns defenderam a substituição do conceito de "movimentos sociais" por "sociedade civil", enquanto outros propuseram falar de "política do conflito". Em ambos os casos, argumentou-se que o campo de estudos havia se tornado excessivamente limitado, tanto empírica como teoricamente. O artigo discute essas iniciativas e identifica um problema comum: a falta de atenção dada às numerosas formas de interação entre ativistas de movimentos sociais situados dentro e fora do Estado. Argumentamos que a pesquisa empírica que vem sendo realizada no Brasil ajuda a compreender melhor a relação entre Estado e movimentos sociais. Do ponto de vista teórico, é a literatura recente sobre redes sociais que oferece pistas analíticas sobre como pensar no ativismo a partir de dentro das estruturas do Estado.

Highlights

  • Some have advocated for the substitution of “social movements” for “civil society”, while others have proposed to rename the field as the study of “contentious politics”

  • The article discusses these reformist initiatives and identifies a problem they have in common: the lack of attention to numerous forms of interaction between actors involved with social movements situated both outside and inside the state

  • We offer a theoretical discussion based on the results of empirical research undertaken in Brazil on this issue, which, we argue, help us better understand the relationship between states and social movements

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Summary

Dos Novos Movimentos Sociais à Sociedade Civil

A primeira proposta de ampliação do campo de estudos dos movimentos sociais aqui resenhada aflorou ainda nos anos 90 e teve origem na literatura dos “novos movimentos sociais”, a qual, nas décadas anteriores, havia se dedicado à análise de transformações nas estruturas sociais e ao papel social de novos sujeitos sociais (Della Porta e Diani, 2006, pp. 8-11)[3]. Um argumento importante que surge dessa literatura – pelo menos dos autores que se inspiraram nos trabalhos de Habermas e de Cohen e Arato – é que a sociedade civil, à medida que é exitosa, opera fora das esferas de influência do Estado e do mercado. O comentário de Warren levanta uma questão importante: da maneira como o conceito de “sociedade civil” tem sido utilizado pelos autores resenhados anteriormente exclui determinados tipos de organizações cívicas que são fundamentais no funcionamento da democracia, especialmente no sentido de mediar entre Estado, mercado e componentes mais “isolados” da sociedade civil. Nas críticas feitas, Warren e Chandoke trazem uma preocupação que aparece, como veremos mais adiante, em boa parte da literatura brasileira e latino-americana sobre sociedade civil: a rejeição cada vez maior de perspectivas que insistem que movimentos sociais se mantenham sempre distantes do Estado

Dos Movimentos Sociais à Política do Conflito
Movimentos Sociais no Brasil: esbarrando no Estado
De Movimentos Sociais a Redes de Ativistas?
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