Abstract

Este texto é resultado de um trabalho de pesquisa, mas também de vivencia e diálogo presente na relação entre uma professora não indígena e um professor indígena, de matemática, construído ao longo do trabalho e reflexão sobre a educação escolar indígena. Este diálogo ultrapassa as marcas de tempos e espaços, pois se constituem na relação estabelecida ao longo dos anos na universidade, na escola e na aldeia. Tem como objetivo apresentar os sentidos produzidos pelos autores, sobre a forma como percebemos os agenciamentos produzidos nas escolas, pela comunidade e pelas instituições externas, nas práticas de professores indígenas. Diferentes situações apontam que, ao lidarem com as condições colocadas pela educação escolar para os indígenas, e no momento reforçada pela educação em tempos de pandemia, os professores indígenas produzem movimentos de (re) existência, nas fissuras e frestas da ordem/moderno colonial.

Highlights

  • This text is a result of a research study, and of the experience and dialogue of the relationship between a non-indigenous teacher and an indigenous mathematics teacher built over the course of the study and reflection on indigenous school education

  • Ao lidarem com essas diferentes situações os professores indígenas revelam, em suas práticas pedagógicas, um traçado de linhas de resistência nas relações de interculturais, promovidas por meio da escola, que provocam movimentos de decolonialidade frente ao lugar que a escola ocupa, historicamente, no cenário destes povos e na construção de uma Educação Escolar Indígena (Oliveira, 2020)

  • Este processo de tradução não é simples como muito bem analisa Monteiro (2016), que em seu trabalho junto aos povos indígenas Xerente e Karajá destaca que ao vivenciar as práticas de professores indígenas em sala de aula foi possível perceber que este processo envolve além da linguagem, a cosmovisão do grupo nas relações que estabelecem com o mundo, a partir do local que esse grupo ocupa neste mesmo mundo

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Summary

INTRODUÇÃO

O trabalho com os povos indígenas Guarani e Kaiowá nos desloca do lugar de acomodação, da lógica acadêmica universalista produzida sob os auspícios da colonialidade, e nos leva a ocupar lugares de produção de conhecimento e de reconhecimento da (re)existência de outras lógicas de produção de vida, presentes no contexto das escolas indígenas. O diálogo entre os professores, como já mencionamos, ocorreram em diferentes momentos, mas boa parte dos sentidos que aqui apresentamos foram produzidos em visitas à escola indígena, em observações das aulas e nas entrevistas concedidas pelo professor indígena, aqui transformadas em uma única narrativa. Para este trabalho constituímos uma estratégia narrativa, de escrita compartilhada, que possibilita o desenvolvimento de um paralelo sobre a forma como percebemos as práticas de professores indígenas de matemática desenvolvidas nas escolas indígenas, que são atravessadas pela organização social da comunidade e com pelas instituições externas. Ao lidarem com essas diferentes situações os professores indígenas revelam, em suas práticas pedagógicas, um traçado de linhas de resistência nas relações de interculturais, promovidas por meio da escola, que provocam movimentos de decolonialidade frente ao lugar que a escola ocupa, historicamente, no cenário destes povos e na construção de uma Educação Escolar Indígena (Oliveira, 2020). Acrescentamos a esta narrativa uma reflexão, ainda inicial, sobre a situação que os professores indígenas se deparam atualmente, causada pelo necessário distanciamento social, imposto pela circulação do vírus Sars-CoV-2 (síndrome respiratória aguda grave – coronavírus 2) que trouxe, dentre muitas consequências para os povos indígenas, mudanças na forma de circulação de pessoas nas comunidades e a oferta de educação escolar via ensino remoto

UMA BREVE DESCRIÇÃO DAS ESCOLAS NAS ÁREAS INDÍGENAS
CONSIDERAÇÕES FINAIS
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