Abstract

Na cidade, a perspectiva aberta por uma boa rede de ligações internas confere ao morador – e, consequentemente, também ao turista/visitante que nela se encontra – independência para traçar seus caminhos para o destino a que deseja dirigir-se. Entretanto, mais do que isso, há que se considerar o transporte como um dentre os serviços que, em sua inter-relação com os processos de gestão e com os traços culturais de uma comunidade, configuram-na como um Corpo Coletivo Acolhedor (Santos e Perazzolo, 2012), no seio do qual moradores e turistas/visitantes possam sentir-se contemplados em suas necessidades e expectativas humano-sociais. Sob essa perspectiva coletiva da hospitalidade e de acordo com o Ministério das Cidades e a Secretaria Nacional de Transporte e de Mobilidade Urbana, as cidades devem oferecer os meios necessários para favorecer a locomoção de pessoas, compreendidas aquelas com necessidades especiais, implementando, dentre outras, políticas municipais específicas para o sistema de transporte. O presente artigo apresenta resultados de pesquisa qualitativa realizada no município de Caxias do Sul/RS, em 2013, com o objetivo de identificar sinalizadores de hospitalidade no transporte coletivo urbano local. A análise das condições de hospitalidade apoia-se particularmente nos conceitos de acessibilidade, legibilidade e identidade propostos por Grinover (2007). Sob esse olhar, os resultados revelam, dentre outras ações de hospitalidade nos serviços prestados pela empresa, a disponibilização de elevadores de acesso ao ônibus, interior adaptado para deficientes visuais, visibilidade de informações, transporte especial de porta a porta (PCD). Da análise decorrem algumas proposições de melhoria, ressaltando-se, no entanto, que essas ações não diminuem a importância de que haja políticas públicas que possam potencializar a qualificação permanente do transporte coletivo urbano.

Highlights

  • A mobilidade nas cidades médias e grandes é uma questão contemporânea, não apenas em termos de facilidade nos deslocamentos, mas, também, em termos de qualidade, nela incluída

  • Presentemente, encontram-se diferentes estudos e pesquisas que, nesse âmbito, consideram a hospitalidade teoricamente e em suas práticas (Cinotti, 2009; Gérardot, 2009; Santos & Perazzolo, 2012; Baptista, 2008; Paviani, 2014, entre outros), no entanto, o presente estudo prioriza o aporte desenvolvido por Grinover (2007), em cujos supostos teóricos apresenta como indicadores de hospitalidade, a acessibilidade, a legibilidade e a identidade

  • As reflexões até aqui realizadas já permitem elaborar uma síntese das relações de hospitalidade identificadas no transporte coletivo urbano de Caxias do Sul, conforme apresenta o quadro a seguir, pondo em relevo aspectos avaliados como positivos ou a melhorar, ao mesmo tempo em que são feitas sugestões para qualificação dos serviços prestados no que diz respeito aos critérios “acessibilidade”, “legibilidade” e “identidade”

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Summary

Ônibus integração interlinhas

Em conformidade com o disposto na página web da empresa, com os dados obtidos nas entrevistas e com o constatado in loco durante a pesquisa, identificam-se diferentes formas de contemplar a acessibilidade aos passageiros: assentos reservados especialmente para idosos, gestantes, pessoas com deficiência e obesos, os quais possuem um braço de apoio móvel que facilita a mobilidade e melhora o conforto dos passageiros; balaústres e degraus na cor amarela para facilitar o acesso a pessoas com baixa visão, pelo contraste da cor com o fundo do ônibus; cartão passe-livre adicional para acompanhante de pessoa com deficiência, quando comprovada a necessidade de auxílio ao deficiente, no transporte; passagem especial para pessoas com dificuldade de passar a catraca, como obesos e gestantes, permitindo-lhes descer pela porta da frente do ônibus; elevadores de embarque e espaço reservado a cadeirantes, distribuídos em 46% da frota operacional e em todas as linhas; cartão passe-livre do idoso, que permite que usuários com 60 anos ou mais tenham acesso gratuito ao transporte coletivo urbano. Um diferencial que se sobressai é a linha especial de transporte porta a porta (PCD), serviço oferecido a pessoas com deficiência, mediante agendamento prévio: são disponibilizados quatro veículos com os recursos necessários para o atendimento às necessidades do deficiente

Transporte porta a porta
Dimensão e idade
Ausência de placas
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