Abstract
Seguimos aqui a distinção estabelecida por Mia Couto entre a escrita como criação literária — um modo de “descoberta da alteridade” — e a escrita como dispositivo técnico e valor cultural que dela nos pode privar. Tomada em sentido metafísico, enquanto representação secundária e exterior do signo — “um significante do significante” —, a escrita é criticamente retomada, por Jacques Derrida, como traço interno à própria linguagem. É também do mesmo ponto de vista crítico que leremos, não apenas Michel de Certeau, em L’Écriture de l’histoire, acerca de uma modernidade colonial marcada pela oposição binária escrita/oralidade, mas também a ideia de Mia Couto de que, se cultural e politicamente dada como fonte de um “único saber”, o sentido comum de escrita pode revelar-se como um último reduto do racismo.
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