Abstract
Desde o célebre Metaphors We Live By, as propostas de base cognitiva vêm mostrando que o processo metafórico não é apenas um processo linguístico, mas um aspeto fundamental do funcionamento da cognição humana que as línguas também espelham. Neste funcionamento, comprova-se ser grande a influência que as especificidades sócio-cognitivas têm na sistematização, construção e interpretação da globalidade do fenómeno metafórico.A partir da análise de metáforas retiradas da imprensa económica, este texto procurará discutir até que ponto o processo metafórico, assentando em conhecimentos do mundo partilhados e usualmente inquestionados, é um processo orientado, fornecedor de interpretações manipuláveis.
Highlights
Nascida verdadeiramente nas primeiras décadas do século XX num clima científico que se pretendia objetivo e mecanicisticamente explicativo, a linguística vai Revista Galega de Filoloxía, ISSN 1576-2661 | e-ISSN 2444-9121, 2013, 14: 201-225
A economia pode ser descrita metaforicamente em simultâneo com metáforas diversificadas (“contraditórias”, teria que se dizer se se atribuísse a veracidade a umas e a falsidade a outras): Nuvens negras nos mercados podem afetar os alicerces da economia europeia, levá-la a abrandar ou ao colapso e contagiar a economia mundial
A frase não fica como um conjunto de paradoxos embora englobe praticamente todos os domínios que se usam para metaforizar o campo económico: Nuvens negras nos mercados (ECONOMIA É ECOSSISTEMA NATURAL) podem afetar os alicerces da economia europeia (ECONOMIA É EDIFÍCIO), levá-la a abrandar (ECONOMIA É MÁQUINA) e contagiar (ECONOMIA É CORPO) a economia mundial
Summary
Nascida verdadeiramente nas primeiras décadas do século XX num clima científico que se pretendia objetivo e mecanicisticamente explicativo, a linguística vai Revista Galega de Filoloxía, ISSN 1576-2661 | e-ISSN 2444-9121, 2013, 14: 201-225. Se questionarmos o axioma de que a linguagem é uma estrutura abstrata centrada na sintaxe, mas antes um sistema que se destina a transmitir conteúdos cognitivos e que se serve de todas as estruturas linguísticas, então talvez se tenham de colocar questões mais abrangentes, na medida em que as frases tidas como “ininterpretáveis” (as expressões metafóricas) são usualmente interpretadas, fazendo delas, os falantes, uso bastante generalizado. Parece mais acertado aceitar que, no dizer de Damásio, as “imagens não linguísticas que representam entidades, eventos, relações e inferências” são a matéria para os conceitos que os mecanismos linguísticos ajudarão a organizar em categorias linguísticas (Figura 1). A psicologia e as neurociências vêm provando inequivocamente como os nossos mecanismos de perceção não são objetivos, não nos fornecem a realidade das coisas, mas antes uma perceção interessada que nós, a partir delas, fazemos. We Li(v)e By: Metáfora, verdade e mentira nas línguas naturais iguais (basta tapar o resto da figura para o comprovar); e na Figura 3 parece-nos que o segmento D é maior do que o C, quando também são iguais
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