Abstract

Este artigo investiga os sentidos assumidos pela classificação racial nos censos brasileiros. Propõe uma análise convergente entre as convenções sociopolíticas estabelecidas para a investigação (1872, 1890, 1940) ou omissão (1920) do quesito racial dos levantamentos, em diferentes momentos históricos, e o processo de emergência da comunidade técnica de estatísticos em meio às mudanças do paradigma censitário. Como método, considera-se a circularidade existente entre o sistema social de classificação racial, as obras intelectuais de interpretação da nacionalidade vinculadas ao suporte censitário - "O povo brasileiro e sua evolução", de Oliveira Vianna (1920), e "A cultura brasileira", de Fernando de Azevedo (1940) - e o papel das exigências técnicas na tomada de posição dos estatísticos. São analisados relatórios de organizadores e comissões censitárias no plano verbal, comparando os argumentos apresentados às formas de execução das categorias e às informações e cruzamentos obtidos no plano matricial. Toma-se o censo de 1940 como ponto de inflexão na organização da atividade por acentuar o conflito estrutural entre a função prioritariamente política, até então reservada às estatísticas, e a consagração da competência técnica de seus produtores. Nesses termos, este trabalho aborda a progressiva liberação da ideologia estatística frente aos mecanismos da propaganda política sobre a cor.

Highlights

  • This paper investigates the meanings given by the racial classification in several Brazilian census

  • O próximo censo brasileiro de 2010, a ser iniciado em 1o de agosto, contará todos os indivíduos, famílias e domicílios nos mais variados municípios do país

  • Estas representaram uma importante virada na demanda e nos modos de uso da estatística ao possibilitar tecnicamente a classificação da variabilidade dos tipos humanos por meio de sua localização na chamada ‘curva normal’

Read more

Summary

Introduction

This paper investigates the meanings given by the racial classification in several Brazilian census. Mesmo em Estados de tradição liberal, a estatística foi apropriada pelas elites intelectuais, ciosas de estigmatizar e excluir as minorias de uma expressiva participação política em seus países, como mostra a análise de Margo Anderson (1988) sobre o papel exercido pelo censo norte-americano na unificação da nação, após a guerra civil e a abolição da escravidão.

Results
Conclusion
Full Text
Paper version not known

Talk to us

Join us for a 30 min session where you can share your feedback and ask us any queries you have

Schedule a call