Abstract
No pensamento mítico grego arcaico, a Justiça é um dos aspectos fundamentais do mundo, percebida e descrita como uma Deusa, filha de Zeus e Têmis, integrante da tríade das Horas (HES. T. 901-903). Sendo uma das Horas, a Justiça, como as duas outras irmãs da mesma tríade, se manifesta no horizonte temporal do curso dos acontecimentos como a atualização da ordem e dos desígnios de Zeus. No teatro de Eurípides, a meu ver, a questão da justiça, pensada e determinada nos termos do imaginário mítico, constitui o fio condutor da narrativa; -- e a narrativa mesma, sendo construída segundo a lógica própria do pensamento mítico, constitui, por sua vez, uma imagem verbal da noção mítica de justiça e, por conseguinte, uma demonstração da constância e inevitabilidade da Justiça de Zeus. Mediante a análise e interpretação da tragédia Medeia de Eurípides, verificaremos a seguir a demonstração dessa tese geral do teatro de Eurípides em uma de suas tragédias.
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