Abstract
Embora não seja assunto novo, a aprendizagem sobre mídia é tema que vem ganhando espaço na educação brasileira. Internacionalmente, a promoção da media literacy é prática talvez tão antiga quanto os próprios meios de comunicação. Com a ascensão das chamadas novas mídias, paradigmas educacionais e materiais pedagógicos têm mudado rapidamente, requerendo uma revisão de conceitos e um novo posicionamento dos estudos de mídia no currículo escolar. Neste contexto, o presente artigo apresenta uma proposta de trabalho sintonizada com os paradigmas da mídia-educação inglesa (Hall, Whannel, Buckingham, Kress) e da nova esfera da cultura digital. Partindo de trailers de cinema disponíveis no Youtube, criamos atividades de leitura e escrita em mídia para o Ensino Médio, dentro da área de Códigos, Linguagens e suas Tecnologias, testando tais atividades com 20 estudantes de uma escola da rede pública de ensino de Bauru, Estado de São Paulo. A metodologia consiste em selecionar trailers de filmes populares de gêneros diferentes e criar atividades para desmontar o texto audiovisual, explorar as características da linguagem, pensar nas relações do texto com a audiência e avaliar a aprendizagem possível. Os resultados sugerem que o foco na análise sistemática da linguagem é um caminho produtivo para refletir sobre questões de representação, identidade, qualidade e gosto. A experiência também mostrou as dificuldades estruturais que a cultura escolar estabelecida tem para pôr em prática atividades deste tipo.
Highlights
A ideia não é nova: aproximar os meios de comunicação da educação escolar é prática tão antiga quanto as próprias mídias (HALLORAN; JONES, 1986)
Como podemos ter certeza de que a educação para a mídia faz diferença? A posição mais equilibrada sobre a influência dos meios de comunicação na educação e na formação do jovem deve relembrar a ideia de McLuhan (2003) de que “o meio é a mensagem” e que, deste ponto de vista, podemos identificar, ao mesmo tempo, benefícios e malefícios no modo como as pessoas usam as mídias
Ao compreender o modo como a ordem é restabelecida numa história de ação americana ou como o final feliz é descrito numa novela, o estudante pode ser instigado a desvendar os meandros ideológicos das narrativas que ele gosta: incoerências, fatos importantes que foram negligenciados ou que passaram como sendo simplesmente naturais ou inevitáveis são postos em discussão, de forma pedagógica e sem rejeitar, de antemão, o gosto do aluno
Summary
A ideia não é nova: aproximar os meios de comunicação da educação escolar é prática tão antiga quanto as próprias mídias (HALLORAN; JONES, 1986). O modo como são desenvolvidas e implementadas as ações pedagógicas para ensinar mídia varia de acordo com a concepção que os educadores e comunicadores têm dessa área que, conforme Green e Hannon (2007), transita entre dois extremos: o da fé cega na tecnologia (para quem a simples presença das mídias na escola, em si mesma, já é algo revolucionário e positivo) e o do pânico moral (para quem a cultura trazida pelas mídias é uma degeneração que deve ser combatida pela educação escolar). A posição mais equilibrada sobre a influência dos meios de comunicação na educação e na formação do jovem deve relembrar a ideia de McLuhan (2003) de que “o meio é a mensagem” e que, deste ponto de vista, podemos identificar, ao mesmo tempo, benefícios e malefícios no modo como as pessoas usam as mídias. Ao compreender o modo como a ordem é restabelecida numa história de ação americana ou como o final feliz é descrito numa novela, o estudante pode ser instigado a desvendar os meandros ideológicos das narrativas que ele gosta: incoerências, fatos importantes que foram negligenciados ou que passaram como sendo simplesmente naturais ou inevitáveis são postos em discussão, de forma pedagógica e sem rejeitar, de antemão, o gosto do aluno
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