Abstract
Este estudo insere-se no esforço que se tem empreendido para explorar as bases da compreensão multimodal, abordando, aqui, a interferência de variáveis top-down e bottom-up na compreensão de gráficos de setores (popularmente, gráficos de pizza). Sondou-se, especificamente, o papel do título (diretivo vs. não diretivo) e o da posição da legenda (à esquerda vs. à direita da pizza) durante a leitura de uma série de gráficos por um grupo de 40 estudantes universitários. Foram monitorados os movimentos oculares e as fixações do olhar dos participantes em um experimento de eye tracking, a partir do qual obtiveram-se dados significativos de custo de processamento ao integrar as informações visuais e do título. Os achados experimentais foram brevemente discutidos à luz de aspectos dos modelos teóricos de compreensão de gráficos (ACARTÜRK, 2010; PINKER, 1990) bem como de princípios cognitivos a observar na produção de gráficos (KOSSLYN, 2006).
Highlights
Gráficos são um gênero multimodal utilizado como instrumento para apresentar pictoricamente dados estatísticos e podem ser entendidos como objetos interdisciplinares na medida em que ocorrem em diferentes contextos e práticas sociais
O pertinente desta abordagem, em nosso caso, é que, ao se propor uma estrutura proposicional como output do processamento visual dos elementos do gráfico, passa-se a ter um tipo de representação mental que é compatível com a representação resultante do processamento linguístico e isso viabiliza o processo de integração dos dois tipos de informação que são provenientes de módulos distintos
A pesquisa foi conduzida a partir da realização de um experimento de rastreamento ocular, cujo instrumento nos permitiu capturar on-line os movimentos e fixações oculares dos participantes, isto é, durante o processo de inspeção visual dos estímulos
Summary
É possível afirmar que os gráficos apresentam uma gramática própria. De acordo com Kosslyn (2006), os gráficos possuem uma estrutura básica constituída de três elementos principais: o esqueleto (framework), o conteúdo (content) e os rótulos (labels). Cada tipo de gráfico, contudo, apresenta também particularidades, relacionadas ao tipo de dado que é representado (FRIEL; CURCIO; BRIGHT, 2001; RODRIGUES; FRAGOSO; RIBEIRO, 2018). De acordo com essa proposta, várias etapas estão envolvidas na leitura de um gráfico: inicialmente, a partir de mecanismos de codificação bottom-up, há a construção de uma representação mental visual em um formato pictórico relativamente não processado; em seguida, ocorre a construção de uma representação já mais estruturada, chamada de descrição visual, que codifica as marcas do gráfico em termos de sua dimensão físico-estrutural. É com base nessa informação que o leitor poderá identificar o tipo de gráfico que está lendo e dar início à extração das informações necessárias à compreensão dos dados representados. É importante observar que, na compreensão de gráficos, também podem atuar processos inferenciais, que operam sobre a mensagem conceitual permitindo ao leitor deduzir informações que não estão diretamente representadas no gráfico (PINKER, 1990). Um dos aspectos investigados está associado às expectativas do leitor quanto ao esquema gráfico de gráficos de setores.
Sign-in/Register to view highlights & summary Sign-in/Register to access full text options 
Free) 
Talk to us
Join us for a 30 min session where you can share your feedback and ask us any queries you have
Schedule a call
