Abstract

Este trabalho revisita a formação de verbos parassintéticos em des-X-ar no português brasileiro, a partir de uma perspectiva sintática (HALLE e MARANTZ, 1993). A parassíntese se caracteriza pela anexação simultânea de um sufixo e um prefixo a uma base, sendo que a ausência de algum desses elementos torna a construção agramatical (SAID ALI, 1966, CAMARA Jr., 1975; KEHDI, 2005; BASÍLIO, 2009). Trata-se de um processo interessante, pois parece desafiar a hipótese da ramificação binária. Descritivamente, propomos três padrões para as formações em des-X-ar: verbos não parassintéticos (desrespeitar); parcialmente parassintéticos (despentear) e totalmente parassintéticos (desossar). Na implementação da proposta desenvolvemos uma estrutura sintática estritamente binária, em que o prefixo des- pode aparecer em duas diferentes posições estruturais. Uma delas inclui a anexação do prefixo diretamente à raiz, o que tem como consequência o fato de o próprio prefixo integrar o processo de verbalização, entrando na estrutura antes do categorizador. Tal estrutura explica dados como desossar, por exemplo, em que, na ausência do prefixo, a formação se torna agramatical. Nessas estruturas, o prefixo em questão projeta seu rótulo na estrutura sintática. A segunda posição, por sua vez, é estruturalmente mais alta do que o núcleo categorizador e explica dados como despentear ou desrespeitar, por exemplo, em que, mesmo na ausência do prefixo, a formação é gramaticalmente possível. Nesses casos, o prefixo des- é considerado um adjunto, não alterando as propriedades formais da estrutura. Por fim, em ambas as estruturas, propomos que o argumento interno é inserido através do categorizador verbal.

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