Abstract

Este artigo é parte de uma pesquisa realizada com crianças da educação infantil de uma comunidade ribeirinha da Amazônia paraense. Discute, a partir da Teoria Histórico-Cultural (THC) de Vigotski, a forma como a organização do meio social educativo pode interferir na brincadeira de faz de conta nos espaços coletivos de educação na infância, reconhecendo a importância do meio e das relações nele estabelecidas como fatores de constituição e desenvolvimento humano. Participaram da pesquisa treze crianças entre três e quatro anos de idade. As crianças foram observadas brincando em suas casas e na escola. Foram analisados os temas, os objetos e as peculiaridades das brincadeiras. Os resultados apontam que brincar de subir em árvores, construir brinquedos com folhas, sementes e galhos de árvores, tomar banho no rio, brincar de pescar, andar de canoa etc., constituem-se como espaços de relação social e de desenvolvimento, sendo peculiares ao brincar das crianças ribeirinhas. Contudo, a escola tem utilizado um currículo “urbanocêntrico” e o brincar não tem ocupado lugar de destaque no meio social educativo organizado pela professora. Na rotina das crianças, a brincadeira acontece em momentos isolados e é tida pela docente como passatempo e dispêndio de energia. Conclui-se que, se a escola da infância tem como objetivo interferir de modo positivo no desenvolvimento social da personalidade consciente das crianças, faz-se necessário organizar o meio social educativo de modo a não apenas possibilitar o brincar, mas acima de tudo, impulsioná-lo. Assim, o brincar passa a ser princípio norteador das práticas pedagógicas dos professores.

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