Abstract
Este artigo tem por objetivo abordar as teorias de Peirce e de Freud com o intuito de esclarecer o que denominamos de ‘conduta ética’. Não estabelecemos uma correspondência biunívoca entre ambas as teorias, dado que possuem preocupações e caminhos distintos, mas partimos da concepção de que o indivíduo isolado, encerrado em sua crença dogmática, cujo comportamento neurotizado o define, é fonte da ignorância, em termos da falta de pensar socialmente ou em termos de ignorar a astúcia de seu inconsciente. Para tal, utilizamos os textos do denominado primeiro pragmatismo, dado que a discussão de Peirce possibilita a comparação com o indivíduo problemático em Freud. Em relação ao psicanalista, trabalhamos os textos de suas Obras Completas, selecionados aqueles que se adequavam ao nosso intento, ou seja, que serviam para uma aproximação de dois modos de conceber o indivíduo isolado. Com efeito, para Peirce, o indivíduo deve ceder à opinião da comunidade de seres que pensam através de signos, assumindo, assim, uma atitude lógica, racional, e em conformidade com o método científico. Por sua vez, o foco na psicanálise conduz nossa atenção para o indivíduo improdutivo, incapaz de assumir uma atitude madura, orientando-se pelo princípio de realidade. Em suma, trata-se do indivíduo preso nas teias do desenvolvimento da libido no estágio pré-genital e sem a superação do complexo de édipo, superação que o tornaria pronto para existir como pessoa, agindo conforme o princípio de realidade e conhecendo suas limitações.
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