Abstract

Primeira de duas partes de artigo analisando a crise síria num contexto internacional e argumentando a favor de maior participação internacional pró-ativa na sua solução. Apesar de seu uso costumeiro entre partes da intelectualidade latino-americana, o conceito imperialismo é pouco útil para entender as crises do Oriente Médio contemporâneo. Intervenções externas têm marcado a história recente da região, mas não todas tiveram caráter imperialista e/ou motivos econômicos. No pós-guerra fria houve tentativas para construir uma nova ordem internacional pautada por uma mudança das normas internacionais, e permitindo intervenções em caso de violações maciças dos direitos humanos da população e/ou risco de proliferação de ADMs. Um consenso intervencionista democrático “em vias de construção” foi quebrado pelos ataques islamistas de 11-9-2001 que provocaram a “guerra contra o terror” com intervenções lideradas pelos EUA no Afeganistão, Iraque e alhures. Estas tiveram seus resultados comprometidos por uma série de falhas tanto externas (relacionadas à legitimidade, inteligência, planejamento, soft power, e seletividade) quanto internas, produzindo eventualmente uma desmoralização nas democracias ocidentais, e nos EUA em particular, além da reviravolta anti-intervencionista que vigora atualmente. Esta reação continua apesar da perene importância global do Oriente Médio em termos estratégicos, econômicos e culturais. A nova tendência para uma certa retirada internacional tem determinado as mornas reações ocidentais e norte-americanas desde a eclosão da Primavera Árabe em 2011. A passividade das democracias ocidentais em apoiar a oposição anti-autoritária na Síria não só permitiu a sobrevivência do repressivo regime Ba`th, com apoio iraniano e russo, como também abriu uma janela de oportunidade para islamistas radicais.

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