Abstract
Nos primeiros anos republicanos do Brasil, vários juristas, criminologistas e policiais difundiram uma novidade recém-chegada da França: o sistema antropométrico para a identificação de pessoas, adotado na polícia parisiense por iniciativa de Alphonse Bertillon (1853-1914). A ideia de introduzir o método chamado bertillonnage no Brasil apareceu, desde 1889, em relatórios governamentais, livros de viagem e jornais. Um gabinete antropométrico foi instalado na polícia do Rio de Janeiro em 1894, mas quase não funcionou até 1899, quando foi reorganizado e, em 1900, a identificação de criminosos pelo método foi estabelecida por decreto. Instrumentos de medição e livros foram trazidos de Paris, a 'metrópole' da identificação policial, mas a história do gabinete antropométrico da então capital brasileira não deve ser interpretada simplesmente como um processo de aplicação imitativa de um método estrangeiro. É o que demonstra este artigo, que procura analisar a constituição transnacional do bertillonnage e os complexos processos de leitura, tradução e adaptação envolvidos no uso da antropometria no âmbito das práticas policiais no Rio de Janeiro.
Highlights
criminologists and policemen broadcast a novelty recently arrived from France
The idea of introducing the method called bertillonnage appeared in Brazil
An Anthropometric Office was installed in the police of Rio de Janeiro
Summary
In the early years of Brazilian Republic, several lawyers, criminologists and policemen broadcast a novelty recently arrived from France: the anthropometric system for identifying people, adopted at the Parisian police by Alphonse Bertillon (1853-1914). A história do Gabinete Antropométrico da Polícia do Rio de Janeiro, que este artigo irá percorrer, se estende desde a aparição dos primeiros especialistas brasileiros, pouco depois da proclamação da República, até a consagração do sistema datiloscópico nos alvores do século XX.
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