Abstract

Nesses anos de seu reconhecimento, a aids tem obrigado a desnaturalizar questões sociais e culturais construídas historicamente e que são parte dos signos, das normas e dos códigos que balizam a estrutura e a organização da sociedade, impondo outros olhares e novas perspectivas para a complexidade de questões relacionadas aos gêneros, aos corpos e à cultura. Considerando essa conjuntura, esta pesquisa foi realizada com quatro mulheres HIV+ ativistas no movimento de aids com o objetivo de apreender suas concepções sobre a doença, os contextos de vulnerabilidade que possibilitaram sua infecção, suas vulnerabilidades à reinfecção e as mudanças e permanências nos campos afetivo-conjugal e da maternidade, a partir da experiência da doença e da militância.

Highlights

  • Resumo: Nesses anos de seu reconhecimento, a aids tem obrigado a desnaturalizar questões sociais e culturais construídas historicamente e que são parte dos signos, das normas e dos códigos que balizam a estrutura e a organização da sociedade, impondo outros olhares e novas perspectivas para a complexidade de questões relacionadas aos gêneros, aos corpos e à cultura.

  • Nas relações sexuais entre homens e mulheres, a dificuldade em negociar a camisinha pode ser entendida como exemplo dos atravessamentos das normativas de gênero,[27] pois, na nossa cultura, muitas vezes, o fato de uma mulher carregar um preservativo consigo mostra que ela está “disponível” sexualmente, o que faz com que muitas temam propor o seu uso no momento da relação e, além disso, algumas podem ter receio de sofrer violência física e/ou psicológica, como contou Clara: “se eu continuasse a pedir pra ele usar a camisinha, ele ia me bater.

  • Entretanto, na pesquisa realizada, foi interessante notar que os encontros com a soropositividade e a militância implicaram de fato na vida de algumas delas uma série de experiências de abjeção, contudo esses mesmos encontros potencializaram rupturas de certas normativas sociais, revisão de parte de papéis conjugais enrijecidos e mudanças significativas nos seus relacionamentos afetivos.[42] Para Clara, a experiência do encontro com o HIV e, principalmente, a participação no movimento social de redução de danos possibilitaram a reconfiguração e a politização de sua inserção em espaços públicos, bem como a ressignificação da percepção que tinha de si mesma, o que acarretou posicionamentos diferentes também diante do companheiro:

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Summary

Introduction

Resumo: Nesses anos de seu reconhecimento, a aids tem obrigado a desnaturalizar questões sociais e culturais construídas historicamente e que são parte dos signos, das normas e dos códigos que balizam a estrutura e a organização da sociedade, impondo outros olhares e novas perspectivas para a complexidade de questões relacionadas aos gêneros, aos corpos e à cultura.

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