Abstract

Este artigo traz uma revisão da literatura centrando-se nas trajetórias, histórias e experiências de cientistas e estudantes negros na Física e nas Ciências Naturais. Com base na Teoria Crítica da Raça e na Perspectiva Decolonial, o estudo problematiza as estruturas eurocêntricas, coloniais, racistas e patriarcais da ciência contemporânea, bem como a sub-representação da população negra, especialmente mulheres negras, nas Ciências Naturais e Físicas. A revisão teve o objetivo de investigar e analisar de que maneira histórias e conhecimentos experienciais de pessoas negras têm sido discutidos na área de pesquisa em Ensino de Física/Ciências. Foi definido o período 2003-2021 para busca dos artigos. A pesquisa, decorrente de uma dissertação de mestrado, classificou os achados em cinco categorias temáticas por meio da metodologia Análise Documental. A categoria temática escolhida para ser abordada neste artigo diz respeito às trajetórias e experiências de cientistas e estudantes negros e negras na Física e nas Ciências, e reuniu 11 artigos. A literatura aponta uma lacuna de pesquisa dessa problemática, principalmente na literatura nacional. Os artigos trazem as contribuições científicas africanas, as narrativas de mulheres negras nos Estados Unidos e os desafios enfrentados por estudantes negros e negras, apontando para a necessidade de descolonização epistêmica e inclusão equitativa no ensino de Física/Ciências. Os resultados mostram que pessoas negras na universidade sofrem com barreiras históricas na área, e mulheres negras têm desafios particulares que interseccionam raça e gênero. Alguns dos obstáculos relatados por estudantes negros e negras foram: falta de pertencimento ou sentimentos de isolamento, redução da autoeficácia, pouca representatividade de pessoas negras nas Ciências e reprodução de estereótipos de gênero e de raça. Destaca-se que o enfrentamento ao racismo e às demais opressões na academia deve envolver a valorização, o acolhimento, a inclusão, o incentivo e a divulgação dos trabalhos de cientistas e estudantes negros/negras na História da Ciência. A literatura também destaca a necessidade do combate sistêmico às desigualdades por meio de um processo de descolonização epistêmica no Ensino de Física/Ciências, colocando o conhecimento experiencial de pessoas negras no centro da discussão para que as estruturas opressivas possam ser compreendidas criticamente.

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