Abstract

Este artigo analisa as críticas de Guerreiro Ramos à proposta da Unesco de patrocinar uma série de pesquisas sobre as relações raciais no Brasil no início dos anos 1950. O estudo analisa os trabalhos de Guerreiro Ramos entre 1946 e 1950, considerando suas críticas à tradição de estudos afro-brasileiros, suas abordagens acerca do preconceito de cor sob o prisma das intersecções entre sociologia e psicologia social e as reflexões do cientista social sobre a necessidade de formação de uma intelligentsia negra com o objetivo de combater a discriminação racial no país. Apesar da proposta de Guerreiro Ramos de um Congresso Internacional sobre Raças, ao invés de uma pesquisa acadêmica, não ter vingado, ela gerou um efeito não previsto com a ampliação e diversificação dos estudos da Unesco. Concorreu para tal mudança a existência de um cenário em aberto que foi sendo construído a partir da atuação autônoma de uma rede transatlântica de cientistas sociais progressistas, com experiências diversas de ensino e/ou pesquisa no Brasil e sensível às demandas apresentadas no 1º. Congresso do Negro Brasileiro, patrocinado pelo Teatro Experimental do Negro (TEN).

Highlights

  • 6 No livro O Negro no Rio de Janeiro: relações de raças numa sociedade em mudança (1953), de autoria do sociólogo Luiz de Aguiar Costa Pinto, fica patente que sua crítica ao culturalismo, na vertente dos estudos afro-brasileiros, sofre evidente ascendência das reflexões de Guerreiro Ramos sobre o tema no contexto da produção sociológica e política do então militante do Teatro Experimental do Negro (TEN)

  • Tratava-se de uma proposta que buscava inserir a intelectualidade negra brasileira no debate internacional sobre formas de enfrentamento da discriminação racial, examinando as atividades desenvolvidas pelo Teatro Experimental do Negro (TEN), na interface entre a sociologia e a psicologia social, tendo em vista valorizar a subjetividade de negros e mulatos (Guerreiro Ramos, 1982)

  • O sintético e irônico comentário acerca dos limites da Lei Arinos, encerrando a oposição entre ações políticas e medidas de ordem mais abstrata, acadêmica, tem uma linha de continuidade com as críticas de Guerreiro às ciências sociais em processo de institucionalização e, mais especificamente, à abordagem antropológica do negro brasileiro, pensado exclusivamente como objeto de estudo, “monografia folclórica”, e não a partir do imperativo da transformação de suas condições de vida

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Summary

Introduction

6 No livro O Negro no Rio de Janeiro: relações de raças numa sociedade em mudança (1953), de autoria do sociólogo Luiz de Aguiar Costa Pinto, fica patente que sua crítica ao culturalismo, na vertente dos estudos afro-brasileiros, sofre evidente ascendência das reflexões de Guerreiro Ramos sobre o tema no contexto da produção sociológica e política do então militante do TEN.

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