Abstract

O presente artigo faz uma reflexão teórica sobre a cidade a partir da noção de governamentalidade. Objetiva engendrar uma cartografia de linhas afetivas que aproximam matérias jornalísticas, canções de rap e publicidades do campo da segurança privada. O medo e a esperança são duas noções utilizadas para discutir os modos de circulação pela cidade e sua relação com os dispositivos de segurança. O medo, e especificamente o medo da morte, constitui um importante mecanismo de governo, pois, ao lembrar constantemente os sujeitos sobre sua finitude, um amplo mercado de segurança emerge. Já a esperança, afeto complementar do medo, é incitada enquanto uma estratégia precária de alegria, na medida em que se constitui como outra modalidade de sofrimento. Uma cartografia dos afetos fornece pistas sobre algumas formas de subjetivação na governamentalização da cidade. O consumo de equipamentos de segurança, a fortificação dos condomínios e o movimento do rap aparecem como alguns dos efeitos dos afetos engendrados pela lógica neoliberal.

Highlights

  • This paper presents a theoretical reflection on the city by considering the notion of governmentality

  • EUA: Metro-Goldwyn-Mayer Distributing Corporation/ United Artists, 2002. 1 DVD (120 min), son., color

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Summary

Circulando pela cidade e a gestão do medo

Após discutir sobre os modos de circulação pela cidade e os três afetos básicos de Spinoza, é possível perguntar, como Sennett (1988): por que é que neste mundo de estranhos, que é a vida nas cidades, se torna possível que os encontros sejam percebidos como ameaças? Quais afetos a vida urbana atual vem suscitando?. Articulando-se a noção de governamentalidade com a dinâmica dos afetos, pode-se chegar à seguinte questão: se, para Foucault (2008), a governamentalidade dita os discursos de verdade e naturaliza os modos de circulação pela cidade, para Spinoza (2014), ao imaginar-se o medo da perda da qualidade de vida, acredita-se que ele possa ser minimizado com a aquisição de equipamentos de segurança. Ao mesmo tempo em que os dispositivos de segurança, como efeitos da governamentalidade, produzem os discursos de verdade sobre a qualidade de vida e a circulação pela cidade, é possível problematizar outro efeito desse processo: os mecanismos de anulação (FOUCAULT, 2008). A produção do medo (lembrando que este afeto é também uma forma de tristeza) constitui um importante mecanismo de governo, pois, ao lembrar constantemente os sujeitos sobre sua finitude, um amplo mercado de segurança emerge como estratégia de manutenção de linhas alegres. Após esta breve discussão sobre medo, tristeza e morte, é possível que se pergunte: há ainda esperança para a cidade? Quais esperanças? Como, para Spinoza (2014), a esperança é outro afeto e, como tal, outra modalidade de sofrimento, convém discutir a relação desse afeto com os dispositivos de segurança e sua relação com a cidade

De qual esperança estamos falando?
Considerações finais
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