Abstract

Este artigo tem por objetivo analisar a produção científica stricto sensu sobre a mulher negra no Brasil, analisando, especialmente, a relação interseccional que permeia a existência dessas agentes: seu enfrentamento às questões de gênero, raça e classe. Buscou-se identificar como a temática é abordada nas instituições de ensino superior e as características associadas a sua produção: quais aspectos estão sendo discutidos acerca das mulheres negras, onde está sendo feita essa discussão e de que maneira. A pesquisa se desenvolve através uma amostra de 2.723 trabalhos de pós-graduação, coletados a partir de quatro indicadores: mulher negra, racismo, racismo estrutural e decolonialidade. O período analisado decorre do espaço de cinco anos, de 2017 a 2021. A partir dos dados e das análises desenvolvidas, foi possível observar que os estados que mais produzem acerca das categorias são Rio de Janeiro, São Paulo e Bahia; dentre as universidades, a UFBA, o CEFET-RJ, a USP e a UFMG ganham destaque. A análise de conteúdo demonstrou que a maior parte das produções compartilhava de um caráter qualitativo e abordavam, usualmente, categorias como raça, gênero, violência, educação e saúde. Além disso, identificou-se que certos fenômenos identitários, ligados, especialmente, à identidade dos pesquisadores, podem exercer influência nas investigações científicas produzidas por eles. Por fim, concluiu-se que as pesquisas sobre as mulheres negras, apesar de representarem 41% dos trabalhos analisados, dependem de uma longa caminhada para atingirem a visibilidade necessária, começando pelo ingresso e permanência dessas mulheres no ambiente universitário.

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