Abstract

Em 1981 um grupo de trabalhadoras da saúde e pesquisadoras feministas criou um periódico que tinha por objetivo debater pautas de movimentos de mulheres e expor práticas de prevenção e profilaxia da saúde feminina. Muitas de suas organizadoras vinham de partidos de esquerda e partiram de seus saberes e repertórios para defender a equidade de gênero e o fim de discriminações, trazendo para a discussão pesquisas e trabalhos científicos. Pensando nisso, este artigo tem o objetivo de analisar como as pesquisadoras que escreviam o jornal feminista Mulherio (1981–1988) utilizaram-se de seus repertórios socioculturais e científicos para tratar do corpo e da saúde feminina. Metodologicamente, opera-se com a análise do discurso a partir de Michel Foucault, o que possibilita ler as imagens e textos em sua historicidade, pluralidade e tensões que lhe foram constitutivas, contribuindo para a constituição de sujeitos e práticas de poder-saber. Tratando-se, portanto, da análise de um periódico que teve considerável circulação, pode-se percebê-lo como produto dos anseios específicos, reproduzindo ou questionando certas premissas científicas e valores socialmente constituídos e articulados às transformações em curso nas relações de gênero.

Full Text
Published version (Free)

Talk to us

Join us for a 30 min session where you can share your feedback and ask us any queries you have

Schedule a call