Abstract
Na abordagem hermenêutica das obras de arte, Gadamer discute a arquitetura como uma das expressões artísticas na qual se pode reconsiderar a relação ontológico-interpretativa com as coisas em geral. Repensando a estrutura representativa própria da experiência hermenêutica das obras de arte, Gadamer introduz a arquitetura como uma expressão artística peculiar, na qual as obras de arte resistem aos posicionamentos estéticos atuais, reinserindo-as na esfera prática da vida. Essa tematização encontra ecos importantes na teoria e prática arquitetônicas, à medida que possibilita uma nova relação com as obras de arquitetura, para além das variáveis estéticas. O presente artigo, portanto, tem como objetivo discutir a experiência hermenêutica da arquitetura como um momento interpretativo decisivo da relação com as obras de arte, explicitando tanto o caráter ontológico-hermenêutico do pensamento de Gadamer quanto o traço hermenêutico das obras de arquitetura. Para isso, partimos de um diálogo estabelecido por Gadamer e dois arquitetos, Jacques Herzog e Pierre de Meuron sobre a essência da arquitetura. A resposta gadameriana indicou-nos o horizonte de tematização das obras arquitetônicas como extensão da experiência da obra de arte, tal como foi discutido em Verdade e Método, notadamente na discussão sobre a representação artística e a retomada das noções de ocasional e decorativo. A tematização hermenêutica encontra, por conseguinte, repercussões na teoria e prática arquitetônicas, indicando um horizonte alternativo de questionamento do sentido da arquitetura e urbanismo, situando-o e remetendo-o para o horizonte da vida em comum.
Highlights
In the hermeneutical reflection of the artworks, Gadamer discusses architecture as one of the artistic expressions where one can reconsider the ontological-interpretative relationship with things in general
Al repensar la estructura representativa típica de la experiencia hermenéutica de las obras de arte, Gadamer presenta la arquitectura como una expresión artística peculiar, en la que las obras de arte resisten las posiciones estéticas actuales, reinsertándolas en la esfera práctica de la vida
Na perspectiva de Gadamer, a atividade arquitetônica, compreendida tanto como teoria e prática de projeto quanto através das mais diversas obras de arte arquitetônicas construídas ao longo da história humana, possui um caráter hermenêutico próprio, que afeta tanto aqueles que projetam e constroem quanto aqueles que observam ou frequentam as obras edificadas
Summary
Artigo está licenciado sob forma de uma licença Creative Commons Atribuição 4.0 Internacional. Resumo: Na abordagem hermenêutica das obras de arte, Gadamer discute a arquitetura como uma das expressões artísticas na qual se pode reconsiderar a relação ontológico-interpretativa com as coisas em geral. Repensando a estrutura representativa própria da experiência hermenêutica das obras de arte, Gadamer introduz a arquitetura como uma expressão artística peculiar, na qual as obras de arte resistem aos posicionamentos estéticos atuais, reinserindo-as na esfera prática da vida. Essa tematização encontra ecos importantes na teoria e prática arquitetônicas, à medida que possibilita uma nova relação com as obras de arquitetura, para além das variáveis estéticas. O presente artigo, portanto, tem como objetivo discutir a experiência hermenêutica da arquitetura como um momento interpretativo decisivo da relação com as obras de arte, explicitando tanto o caráter ontológico-hermenêutico do pensamento de Gadamer quanto o traço hermenêutico das obras de arquitetura.
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