Abstract

Ser competente linguisticamente, além de dominar as regras morfossintáticas e a semântica próprias de cada língua, é conhecer também o conjunto de normas que regulam o comportamento adequado dos membros de um determinado meio social. A língua, como meio de interação com outros indivíduos, não pode ser desvinculada de suas características socioculturais. Ao respeito, cada sociedade estabelece regras, nas quais se incluem as formas de tratamento, que sancionam as condutas comunicativas como sendo adequadas ou inadequadas. A forma como tratamos o outro se insere num código social que, quando transgredido, pode causar prejuízo no relacionamento entre os interlocutores. Especificamente, as formas de tratamento designam tanto os termos que se referem ao par falante-ouvinte, como os vocativos usados para chamar a atenção do destinatário, englobando os chamados pronomes pessoais de tratamento assim como as formas nominais. O objetivo deste trabalho é fazer considerações sobre as formas de tratamento no português do Brasil e no espanhol ibérico; apresentar teorias que abordam o tema da cortesia; e, a partir de dados obtidos de duas obras de teatro brasileiras do século XX, analisar e comparar as estratégias pragmáticas desenvolvidas mediante as formas de tratamento tanto no português do Brasil como no espanhol ibérico. Com este estudo, pretendemos, também, oferecer aos professores de língua estrangeira algumas apreciações acerca das dificuldades, pragmalinguísticas e sociopragmáticas que, no processo de aquisição/aprendizagem das formas de tratamento, podem ocorrer por nfluência da língua materna.

Highlights

  • Being linguistically competent is, besides mastering the morphosyntactic rules and semantics of each language, it is to know the set of norms that regulate the proper behavior of the members of a particular social environment

  • Neste ponto também as diferenças quanto ao uso se fazem presentes, como explica Fanjul: Enquanto no espanhol os pronomes átonos com função de objeto direto ocorrem em qualquer registro de língua, desde os mais formais até os mais informais ou ainda vulgares e na fala de todos os setores sociais, qualquer que seja seu grau de escolaridade, no português brasileiro alguns dos equivalentes desses pronomes, sobretudo os de terceira pessoa (o,aos, as e seus alomorfes), ocorrem apenas em enunciados com fortes requisitos de formalidade, predominantemente escritos, e o”acerto” no seu uso parece requerer, mesmo para os brasileiros escolarizados, um tipo de especulação reflexiva mais próprias do emprego de estruturas de uma língua não materna (2014, p. 40-41, negrito do autor)

  • A partir dos quadros, é possível perceber que, entre a peça “Anti-Nelson Rodrigues”, de 1973, e a peça “Pérola”, de 1995, há, como já constataram Alba de Diego e Sánchez Lobato para o espanhol peninsular, uma rápida evolução em direção ao uso do tratamento informal entre filhos e pais

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Letras de Hoje

Estudos e debates em linguística, literatura e língua portuguesa Programa de Pós-Graduação em Letras da PUCRS e-ISSN: 1984-7726 | ISSN-L: 0101-3335. Resumo: Ser competente linguisticamente, além de dominar as regras morfossintáticas e a semântica próprias de cada língua, é conhecer também o conjunto de normas que regulam o comportamento adequado dos membros de um determinado meio social. A língua, como meio de interação com outros indivíduos, não pode ser desvinculada de suas características socioculturais. Cada sociedade estabelece regras, nas quais se incluem as formas de tratamento, que sancionam as condutas comunicativas como sendo adequadas ou inadequadas. A forma como tratamos o outro se insere num código social que, quando transgredido, pode causar prejuízo no relacionamento entre os interlocutores. Pretendemos, também, oferecer aos professores de língua estrangeira algumas apreciações acerca das dificuldades, pragmalinguísticas e sociopragmáticas que, no processo de aquisição/aprendizagem das formas de tratamento, podem ocorrer por influência da língua materna

Considerações iniciais
Formas de tratamento
Cortesia e formas de tratamento
Análise do corpus
De filhos a pais
Consideracões finais
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