Abstract
A germinação de basidiósporos de Pisolithus spp. dá origem a monocários, caracterizados por possuírem um único núcleo haplóide por célula. No campo, o eucalipto associa-se a micélios dicarióticos de Pisolithus spp., não havendo relatos sobre a capacidade dos monocários em estabelecer a associação ectomicorrízica com a planta hospedeira nessas condições. Embora os monocários de Pisolithus sp. sejam capazes de formar a associação ectomicorrízica in vitro, nada se sabe sobre a capacidade dessas estirpes em promover a absorção de nutrientes e o crescimento do eucalipto. O objetivo deste trabalho foi estudar a formação de ectomicorrizas por isolados monocarióticos e dicarióticos de Pisolithus sp. em Eucalyptus grandis, sob condições de casa de vegetação, bem como investigar as relações entre o estabelecimento da associação e o crescimento e a absorção de P, Ca, Mg, K, Cu e Zn pelas plantas. Caracterizou-se, também, a produção de massa seca micelial e a absorção de nutrientes pelos isolados fúngicos in vitro. Os isolados monocarióticos e dicarióticos testados variaram na produção de massa seca micelial e na capacidade de absorção de nutrientes. Em geral, os monocários apresentaram maiores índices de eficiência de utilização de nutrientes do que os dicários. Todos os isolados monocarióticos e dicarióticos formaram ectomicorrizas típicas quando associados com E. grandis. A presença dos isolados fúngicos monocarióticos associados às raízes laterais resultou em aumento do diâmetro radial das células da epiderme radicular, característico das ectomicorrizas de eucalipto, indicando que os monocários, à semelhança dos dicários, são capazes de produzir reguladores de crescimento. As médias de percentagem de colonização das raízes pelos isolados monocarióticos e dicarióticos variaram de 12 a 76 %. A absorção de Ca, Mg e K foi estimulada de forma expressiva pela presença das ectomicorrizas, com aumentos de até 760 vezes, demonstrando a relevância dessa associação no suprimento desses macronutrientes, especialmente o Ca. Alguns isolados monocarióticos são tão eficientes quanto os dicários na colonização radicular e na absorção de nutrientes. A caracterização dos monocários de Pisolithus sp. é necessária para se estabelecer a seleção e o cruzamento dos isolados com características desejáveis, visando ao melhoramento genético e à maior eficiência da associação simbiótica. Este trabalho constitui o primeiro relato das interações nutricionais entre monocários de Pisolithus sp. e a planta hospedeira.
Highlights
The germination of Pisolithus spp. basidiospores originates monokaryons, characterized by having a single haploid nucleus per cell
Eucalypts are associated with dykaryons of Pisolithus spp., there being no reports on the capacity of monokaryons to establish the ectomycorrhizal association with the host plant under such conditions
Pisolithus spp. monokaryons have been shown to form ectomycorrhizas in vitro, there is no information on the ability of these strains to promote nutrient uptake and growth of eucalypts
Summary
O estudo foi realizado com seis isolados monocarióticos (35, 94, 147, 248, M5 e M11) e quatro isolados dicarióticos (H4111, M5M11, PT90A e RV82) de Pisolithus sp. pertencentes à coleção de fungos ectomicorrízicos do Departamento de Microbiologia da Universidade Federal de Viçosa, MG. Três discos de ágar de 9 mm de diâmetro, com micélio dos isolados, foram retirados das bordas de colônias em crescimento ativo, cultivados em meio MNM por 30 dias, a 25 °C, e inoculados em frascos erlenmeyer com 50 mL de solução MNM. Instalação e condução do experimento As plântulas de tamanho adequado foram transplantadas para potes plásticos com medidas de 15 x 10 x 10 cm, contendo 1,1 kg de areia lavada e autoclavada como substrato. Cada pote recebeu somente uma plântula, sendo a raiz inoculada com três discos de ágar de 9 mm de diâmetro, contendo micélio obtido das culturas cultivadas em meio MNM por 30 dias. As plantas foram cultivadas em casa de vegetação por um período de 105 dias, sendo irrigadas a cada três dias com 30 mL de solução nutritiva, segundo Brundrett et al (1996). Elas foram irrigadas periodicamente com água destilada em quantidade suficiente para manutenção de, aproximadamente, 60 % da capacidade de campo
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