Abstract
Este artigo contempla o aspecto dinâmico que orienta e organiza as relações interpessoais em eventos microecológicos que Goffman (1979) chamou de footing e considera, também, o momento exato da alternância de turno que linguistas como Sacks, Schegloff e Jefferson (1974; 2003), Marcuschi (2003) e Couper-Kuhlen e Selting (2018) chamam de TRP (Lugar de Relevância para a Transição). O objetivo é verificar em dois arquivos de fala espontânea do C-ORAL-BRASIL I, “bfamcv02” e “bfamcv05”, se o TRP das TCUs (Unidades de Construção de Turno) constituídas nas falas em interação provoca mudanças de footing. Para alcançar este objetivo, elaborou-se uma interface entre a prosódia, Hirst e Di Cristo (1998), Bolinger (1986), Halliday (1967), Robert D. Ladd (2008 [1996]), Gumperz (1988) e Selting, (1995), e as perspectivas teóricas que melhor explicam a estruturação de uma interação falada: a Análise da Conversa, a Linguística Interacional e a Sociolinguística Interacional, Sacks, Schegloff e Jefferson (1974; 2003), Marcuschi (1988; 2003; 2008), Couper-Kuhlen e Selting (2018), Goffman (1972; 1974; 1798; 1981), Gumperz (1982; 1989) e Tannen e Wallat (1987). As análises foram realizadas, portanto, a partir de aspectos sociointeracionais e suprassegmentais e os resultados apontaram que o TRP verificado nas TCUs elaboradas nas duas situações comunicativas escolhidas para este artigo provoca mudanças de footing.
Highlights
Schegloff (1972), Goffman (1974), Gumperz (1989) e Marcuschi (2003) preconizam que uma conversa em interação é uma atividade de fala e se realiza através dos “pares adjacentes”.1 Além disso, eles ainda afirmam que no decorrer de qualquer interação falada os interactantes constantemente alternam turnos e mudam o ritmo de suas conversas
É interessante destacar que os resultados das duas dissertações de Mestrado citadas anteriormente concluíram que ocorrem variações de parâmetros prosódicos durante as sobreposições de fala e que recursos discursivos, como pistas de contextualização, footing, esquemas e conhecimento e enquadres interativos, são utilizados para a realização de alternância de turnos
As análises foram realizadas a partir de aspectos sociointeracionais e suprassegmentais e os resultados apontaram que o TRP verificado nas TCUs elaboradas nas duas situações comunicativas escolhidas para este artigo provoca mudanças de footing
Summary
Introduzida por Schegloff (1972), a AC preocupa-se em estudar o aspecto paradigmático das estruturas linguísticas que podem ser negociadas de acordo com as formas de interação e surge, segundo Marcuschi (2003), como uma tentativa de responder às seguintes questões: Como as pessoas se entendem ao conversar? Como elas reconhecem o diálogo? Como sabem se estão dialogando coordenada e cooperativamente? Como elas utilizam os conhecimentos linguísticos que possuem para entender e interpretar a conversa em interação? Como reagem às ambiguidades surgidas ao longo da conversação? E, principalmente, como alternam contextualmente e organizadamente seus papéis de falante e ouvinte em eventos comunicativos?. Para caracterizar a dinamicidade enunciativa realizada pelos participantes de situações comunicativas, Goffman (1981a), a partir dos trabalhos de James (1950) e Schutz (1962), bem como nos trabalhos seminais de alguns filósofos da linguagem como Austin (1963) e Wittgenstein (1922) vai mais além: amplia seus estudos sobre “enquadre” passando à definição de footing como “uma mudança no alinhamento que assumimos para nós mesmos e para os outros presentes, expressa na forma na qual conduzimos a produção ou a recepção e uma elocução”, 1-29), ao direcionar sua grande contribuição teórica ao estudo do footing, salienta que “a mudança de footing está comumente vinculada à linguagem”, ou, seja, o discurso passou a ser entendido como uma construção social e cultural realizada a partir de estratégias discursivas performatizadas pelos participantes de eventos de fala em interação Goffman (1979, p. 1-29), ao direcionar sua grande contribuição teórica ao estudo do footing, salienta que “a mudança de footing está comumente vinculada à linguagem”, ou, seja, o discurso passou a ser entendido como uma construção social e cultural realizada a partir de estratégias discursivas performatizadas pelos participantes de eventos de fala em interação
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