Abstract
O texto é um ensaio que busca refletir sobre aspectos relativos à produção, circulação e apropriação de conteúdos culturais no mundo contemporâneo. Inicialmente apresenta as concepções de dois autores que marcaram uma inflexão nos estudos acerca dos processos culturais por defenderem o protagonismo dos leitores/consumidores: Michel de Certeau e Henry Jenkins. A seguir, desenvolve aspectos relacionados aos desafios que esse tipo de protagonismo cultural tem que enfrentar no contexto sociotécnico contemporâneo, relacionados aos conceitos de “cultura da convergência” e “cultura do algoritmo”, permeados por aspectos relativos às características simultaneamente globais e locais da internet. Conclui apontando o caráter político desses processos, considerando a internet como o campo mais recente das lutas culturais.
Highlights
an essay that seeks to reflect on aspects related to the production
it presents the conceptions of two authors who marked an inflection in the studies about cultural processes
it develops aspects related to the challenges that this type of cultural protagonism has to face in the contemporary socio-technical context
Summary
A ideia de literatura como uma grande rede comunicativa, de circulação de conteúdos continuamente apropriados e modificados, não é nova. Algumas características merecem ser assinaladas, como o borramento de fronteiras entre campos/territórios culturais, bem como a circulação de conteúdos, linguagens e formas entre “alta”, “média” e “baixa” cultura, a presença da tecnologia na produção, disseminação e assimilação da cultura – vide, por exemplo, Eco, 1989; Harvey, 1992; Jenkins, 2009. A partir da questão dessas observações, outras questões podem ser vislumbradas: como se dá a circulação de conteúdos nessa rede rizomática? Nesse texto buscaremos apontar algumas referências teóricas para compreender o substrato do processo cultural por trás desses fenômenos, suas potencialidades e limitações, partindo inicialmente de reflexões selecionadas de Michel de Certeau e Henry Jenkins, para em seguida problematizar alguns aspectos do contexto sociotécnico contemporâneo, que envolvem desde presença dos filtros invisíveis relacionados à “cultura do algoritmo”, passando por aspectos relativos às características “glocais” da internet
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