Abstract

No instante em que encerro este artigo, em fins do mês de setembro de 2023, a autoproclamada República de Nagorno-Karabakh tem seu governo dissolvido pelas forças separatistas do Azerbaijão. A dissolução em questão apresenta de modo didático não só o fenômeno geopolítico aqui delineado, como seus eventuais e catastróficos desdobramentos, cuja precipitação apressa (por meio da leva desesperada de refugiados) a presença da condição territorial não como expressão da mobilidade convencional, mas como inesperada vivência intersubjetiva desde a qual o Outro irrompe como estrangeiro. Em um sentido analógico (extraído da lição bioquímica do metabolismo) se pode considerar que, enquanto o fenômeno geopolítico possui aspectos catabólicos (de consequente dissipação de calor e reações enzimáticas de degradação), a condição territorial representa um processo anabólico, cuja sucessão de reações químicas tende à síntese de moléculas mais complexas, e, portanto, à expansão da pulsão vital pressuposta. Neste caso, desde que emancipado o suficiente para ampliar o círculo da imanência mundana em terras estrangeiras, o Outro é a expressão anabólica de potencialidades latentes que, por meio da transferência de confiança, repõe e põe à prova seu correspondente estado de coisas. 

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