Abstract

A utilização de pronomes considerados não binários, nas mais diversas línguas, tem sido amplamente debatida, numa polarização em que se enfrentam defensores e ativistas, de um lado, e críticos e censores, de outro, num debate em que a língua revela sua conexão permanente com os indivíduos, a sociedade e a cultura. Estratégias de neutralização de gênero, como o uso do pronome todes em português, voltam-se sobretudo para a desconstrução do modelo heteronormativo que também subjaz à língua, propondo alternativas que desvelam a norma e seus valores, bem como criam caminhos desviantes, transgressores. Neste trabalho, busca-se analisar, através da perspectiva da linguística cognitivo-funcional e com o aporte da teoria queer, as ocorrências do pronome pessoal todes no português e suas características num corpus de 100 tweets, utilizando-se como categorias de análise os conceitos de neutralização de gênero e visibilidade de gênero não binário. As análises permitem identificar, na utilização do pronome todes, principalmente estratégias de desgenerificação ou neutralização de gênero, em que a forma não binária ocupa a posição tradicionalmente reservada ao pronome masculino considerado genérico. Ainda que em quantitativo menos expressivo, o mesmo pronome também é utilizado também como forma de evidenciar identidades de gênero social não binárias, funcionando especialmente em blocos coesos e de modo paralelo às formas todos e todas.

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