Abstract

La casa de los conejos (2008), de Laura Alcoba, é uma narrativa em primeira pessoa sobre a repressão e a resistência ao governo ditatorial argentino pelos Montoneros, em 1976. No contexto dos estudos contemporâneos da memória, em que a subjetividade e os relatos das experiências de vida são cada vez mais valorizados, como compreendemos o movimento de a autora buscar fontes documentais em sua narrativa? Dada a grande categorização de tipos de memória, como podemos classificar as evocações da autora? Concluímos que a busca documental confirma a necessidade de a autora sustentar, pelo registro impresso, suas lembranças individuais que também são coletivas; que seu relato testemunhal transita entre a verdade, a subjetividade, a sacralização e, finalmente, que suas memórias se encontram entre pós-memória e memória herdada, configurando uma “memória híbrida”. Beatriz Sarlo, Marcio Seligmann-Silva, Maurice Halbwachs, Michael Pollak são alguns dos nossos referenciais teóricos.

Highlights

  • É pelo discurso de terceiros que os sujeitos são informados sobre o resto dos fatos contemporâneos a eles; esse discurso, por sua vez, pode estar apoiado na experiência ou resultar de uma construção baseada em fontes, embora sejam fontes mais próximas no tempo [...] (SARLO, 2007, p. 91)

  • 6 Do original: Post memory describes the relationship of the second generation to powerful, often traumatic, experiences that preceded their births but that were transmitted to them so deeply as to seem to constitute memories in their own right

  • Ao ler o mesmo conto trinta anos mais tarde, imagina ter sido ele o provável delator: Desde a releitura desta passagem escuto a voz do engenheiro enunciando as palavras de Dupin [personagem de Poe] e, apesar de ser contra a minha vontade, volto de vez em quando a imaginar os militantes montoneros que acreditavam se proteger exigindo que se escondesse por baixo de um cobertor antes de chegar à casa dos coelhos [...] (ALCOBA, 2008, p. 88, tradução nossa)

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Summary

Do original

Post memory describes the relationship of the second generation to powerful, often traumatic, experiences that preceded their births but that were transmitted to them so deeply as to seem to constitute memories in their own right. 7 Shoah, na língua hebraica, significa Holocausto. Nos permitimos questionar se o conceito “pós-memória” pode ser aplicado em nossa análise, já que se trata de uma autora que, quase trinta anos mais tarde, ou seja, praticamente o mesmo tempo que separa uma geração da outra, evoca suas memórias da menina dos sete, quando fugiu com sua mãe para a França. Publicada em 1950, cinco anos após sua morte, mas ainda tão atual, que nos ajuda a refletir sobre a obra da autora: Certamente, se nossa impressão pode apoiar-se não somente sobre nossa lembrança, mas também sobre a dos outros, nossa confiança na exatidão de nossa evocação será maior, como se uma mesma experiência fosse recomeçada, não somente pela mesma pessoa, mas por várias É para ela que Alcoba escreve, em uma tentativa de curar-se das feridas do passado, sem necessariamente se ater aos fatos como eles realmente aconteceram: “nunca haverá coincidência entre discurso e ‘fato’, uma vez que a nossa visão de mundo sempre determinará nossos discursos e a reconstrução da história” (SELIGMANN-SILVA, 2003, p. 17)

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