Abstract

O cenário agroalimentar brasileiro carrega uma complexidade de elementos que precisam ser observados de forma conexa, considerando, sobretudo, o contexto alimentar, socioeconômico e ambiental que tem distanciado o Brasil de um projeto inclinado ao desenvolvimento sustentável ou tornado o país inapto a guiar políticas públicas que transformem sistemas agroalimentares convencionais em sustentáveis. O objetivo deste artigo é abordar o contexto agroalimentar brasileiro e apontar o potencial da agricultura familiar para a superação dos desafios climáticos, sociais e alimentares. O artigo foi desenvolvido com base em dois Censos Agropecuários (2006 e 2017) - obtidos a partir do Sistema IBGE de Recuperação Automática (Sidra) -, em relatórios da Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB) e com base em revisão de literatura acerca do tema. Conclui-se que apesar de a agricultura industrial carregar o peso do PIB brasileiro, estudos têm demonstrado que esse sucesso, necessariamente, não tem alavancado indicadores sociais nos municípios produtores de soja, por exemplo, ou mesmo não tem solucionado o problema da fome. Ademais, muitos outros dados apresentam os efeitos nocivos dos modelos convencionais de produção no clima. Este estudo aponta para um conjunto de dados e discussões a partir de uma análise crítica da realidade e lança indicativos sobre a necessidade de uma mudança de pensamento e na construção de políticas públicas que viabilizem e reforcem o protagonismo da agricultura familiar nos territórios a fim de atender às demandas ambientais, sociais e alimentares da sociedade contemporânea e futura.

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